Contexto: a cultura organizacional, mesmo quando vista como significados compartilhados, tende a ser investigada a partir do grau de consenso organizacional. Todavia, compartilhar significados não implica dizer que as opiniões são as mesmas. Pelo contrário, pode haver concordância em quais elementos culturais são relevantes, mesmo que as opiniões divirjam. Isso remete à possibilidade de indivíduos compartilharem esquemas culturais mesmo que discordem das respostas. Objetivo: nosso objetivo é mapear os esquemas culturais compartilhados por meio de uma escala de valores organizacionais adaptada ao contexto brasileiro, a partir de uma survey com 207 trabalhadores de diferentes companhias. Método: avanços recentes no campo da cognição cultural permitiram, neste artigo tutorial, mapear os esquemas da cultura organizacional por meio da análise de classes correlacionais. Tal método divide a amostra em classes esquemáticas, elencando os respondentes por meio do grau de dependência linear entre respostas em um questionário, e não pela concordância. Resultados: os resultados apontam para duas classes distintas de esquemas (reativos e resilientes), que condicionam o efeito de atitudes e da estrutura organizacional na valorização e satisfação dos funcionários. Conclusões: além de fornecermos um tutorial de uso da técnica, nós apontamos sua relevância para os estudos sobre cultura organizacional.
Context: organizational culture tends to be investigated based on organizational consensus degree, even when it is seen as shared meanings. However, sharing meanings does not imply having the same opinions. On the contrary, there may be agreement on which cultural elements are relevant, even when opinions differ from each other, a fact that enables individuals to share cultural schemas, although they disagree with each other’s answers. Objective: we aim to use a scale of organizational values adapted to the Brazilian context to map cultural schemas based on a survey conducted with 207 workers from different companies. Method: recent advancements in the cultural cognition field have enabled the present tutorial article to map organizational culture schemas based on correlational class analysis. This method divides the sample into schematic classes by listing respondents based on the linear dependence between answers given to a questionnaire, rather than on agreement between respondents. Results: two different schematic classes (reactive and resilient) that condition the effect of attitudes and organizational structure on employee appreciation and satisfaction. Conclusions: besides providing a tutorial on how to use the investigated technique, the study points out its relevance for organizational culture field.