O mytho é o nada que é tudo.
Fernando Pessoa
E eis que a razão veio pois para narrar um mito. Em principio, algo se insinua sob um território. E ao se insinuar provoca um abalo, um movimento sÃsmico E estará formado,desse modo, um vão, um vazio, um não-lugar. O fora de dentro e de fora. E Aquilo que se insinua ora se faz visÃvel, ora invisÃvel.Ora se insinua, ora não Se transforma no aglutinador das tendências, das forças, dos movimentos, dos enunciados, dos pensamentos e das formas dos saberes. É como o vento nascido do monstro Tifão, "dragão de mil vozes, força de confusão e de desordem, separador do céu e da Terra" (Vernant, 1990: 351). É com referência a fenômenos da natureza, fenômenos meteorológicos, que a antigüidade grega contava as origens da sua civilização. Foi com referência aos fenômenos naturais que os novos matemáticos do século vi antes de Cristo retiraram o poder sobre as forças da natureza das mãos dos reis e passaram a explicá-la por meio da razão. Tudo isso associado ao surgimento da pólio grega'. Foi ainda a respeito do movimento dos corpos celestes que os primeiros cientistas da nossa história invalidaram o argumento escolástico sobre a ordem divina da natureza. Foi com a transformação dos meios de manipulação da natureza(recursos naturais, combustÃveis orgânicos) que a revolução industrial trouxe nova vida à razão cientifica Finalmente, foi com a segunda guerra mundial e com a manipulação de partÃculas sub atômicas que a tecnologia de Estado deu inÃcio ao estabelecimento de uma nova ordem de controle sobre a produção de conhecimento cientifico em nosso século Repare-se que todas as vezes que o termo natureza se repete no parágrafo acima ele possui, a cada vez, um significado diferente.