A actividade missionária de Vieira no Maranhão
desenrolou-se de Janeiro de 1653 a Setembro de 1661, ou seja,
durante quase nove anos; foi interrompida durante um ano, de
Junho de 1654 a Maio de 1655, o tempo de uma viagem ao reino.
Iniciou a missão com doze padres e irmãos e, quando foram
expulsos, eram trinta e dois os que embarcaram para o reino;
quatro dos padres morreram em missão. De regresso ao reino,
sem apoios polÃticos e denunciado por várias vezes ao Tribunal
do Santo OfÃcio, viu-se arguido em 1663, num processo por
delito de heresia, e privado da sua liberdade com medidas de
coacção que foram sendo mais severas à medida que o processo
avançava. Em 1665, a medida de coacção era a prisão domiciliar
e Vieira redigiu, algo apressadamente, um livro em que explica,
através da exegese do texto bÃblico do capÃtulo 18 do profeta
IsaÃas, que a sua missão do Maranhão estava profetizada nesse
mesmo texto. Ele estava convencido de que, com a publicação
desse livro, os inquisidores não teriam mais razões para prosseguirem
o processo. Porém, o texto que mais tarde (1718) seria publicado
com o tÃtulo de História do Futuro não chegou a ser publicado no
momento oportuno e Vieira passou ao regime de coacção de
prisão efectiva logo em Outubro de 1655, até ao final do
processo em Dezembro de 1667. O texto é um primeiro ensaio
da grande temática da Clavis Prophetarum, que seria redigida em
latim, a partir de 1671, quando o jesuÃta se encontrava em Roma.