Este artigo apresenta reflexões em torno da proposta de um feminismo latino-americano que parta da experiência de mulheres do Sul Global. O objetivo consiste em buscar nos documentos construídos pela Marcha das Margaridas, que apresentam as reivindicações desse movimento brasileiro de mulheres do campo, da floresta e das águas, alguns elementos para pensar um (eco)feminismo latino-americano. Para tanto, recorre-se ao arcabouço teórico dos ecofeminismos que oferecem alguns parâmetros para pensar a interseccionalidade para além de elementos que se referem à subalternização e dominação de grupos humanos, incluindo os problemas decorrentes das relações dualista-hierárquicas de exploração dos humanos com outras formas de vida. A literatura ecofeminista auxilia a perceber que a intersecção entre questões de gênero e ambientais são centrais no fazer e pensar feminista das mulheres que integram a Marcha das Margaridas. Tal movimento constrói caminhos alternativos para as políticas de colonização da vida, pautados no enfrentamento ao agronegócio e às monoculturas destinadas à produção de commodities, na preservação socioambiental por meio de práticas agroecológicas e de sustentação das formas de vida humanas e não humanas e na defesa da autonomia e da diversidade da vida das mulheres camponesas.