Este artigo, fundamenta-se na assertiva de que, genericamente, para conservar é preciso transformar, mas sem descaracterizar. Está centralizado nas relações que os materiais e a materialidade mantêm com a preservação. Trata do suporte tangível dos artefatos de natureza cultural e valor patrimonial, que tem a dimensão do tempo - relativo em sua essência -, como uma das principais referências e critério para a salvaguarda, preservação, conservação, bem como para as intervenções de restauro e reinserção desses artefatos na vida corrente. Parte da crescente presença, relevância e significado da questão patrimonial, bem como das extensões de suas bases conceituais e geográficas face às grandes transformações do ambiente humano, especialmente aquele edificado. Destaca as formas de relação e os sentimentos que se estabelecem com os artefatos culturais tangíveis e de suas dimensões monumentais e documentais. Identifica a prevalência e relativização do critério de autenticidade, contrabalançado pelo de identidade, e as expressões destes nas atuais recomendações fundantes da área. Defende uma postura de conservação ativa e imaginativa ao invés de nostálgica, como balizadora das ações de preservação sistemática do patrimônio para os bens formadores de memória e identidade das comunidades. Conclui que algumas coisas devem mudar ao longo do tempo, enquanto outras devem permanecer elas mesmas em sua substância e essência, apesar de transformadas.
This paper is founded on the certainty that, in general terms, in order to conserve it is necessary to transform, without depriving the artifact from its nature. It is centered on the relationships both materials and materiality keep with preservation. It addresses the tangible support of both cultural nature and heritage value artifacts, which possess the dimension of time – relative in its own nature/essence – as one of the main references and criteria for safeguard, preservation, conservation, as well as for restoration interventions and reintegration of these artifacts into daily life. The paper lays foundation in the increasing presence, relevance and meaning of the heritage issue, as well as the extensions of its conceptual and geographical basis before the great transformations of the human environment, especially the constructed one. It highlights the ways relationships and feelings are established with tangible cultural artifacts and their dimensions as monuments and documents. It identifies the prevalence and relativization of the criteria for authenticity, in comparison to identity, and their expressions in the current recommended fundaments in the area. The paper defends an active and imaginative conservationist attitude, opposed to a nostalgic approach, as a beacon for actions of systematic preservation of the heritage artifacts which form the memory and identity of communities. It concludes that some things should change over time, whereas others should remain themselves in their substance and essence, in spite of having been transformed.