Entre as inúmeras desvantagens que as mulheres encontram na carreira científica em relação aos homens, a maternidade tem sido apontada como um fator limitante para o acesso e permanência das mulheres na ciência. No campo específico da etnobiologia, há evidências de que as mulheres brasileiras sofrem preconceito no meio acadêmico por serem mães, deixando de serem selecionadas para ocupar determinadas vagas em universidades pelo fato de terem filhos pequenos. Em outras áreas da ciência, estudos mostram que mesmo a intenção em ser mãe pode influenciar negativamente nas oportunidades oferecidas às mulheres no meio acadêmico. Além do preconceito e menores oportunidades, diversos desafios são superados constantemente por mães etnobiólogas, desde as dificuldades em realizar trabalho de campo com crianças pequenas até a necessidade de conciliar uma razoável produção acadêmica e a criação dos filhos. Através da percepção de etnobiólogas da Argentina e do Brasil, acessadas por meio de questionários on-line, esse trabalho teve como objetivo mostrar o cenário vivido por etnobiólogas que são mães e/ou que desejam ser mães, em busca de iniciar uma discussão sobre possíveis estratégias capazes de diminuir as dificuldades encontradas entre a vida acadêmica e a maternidade no campo da etnobiologia.