Nas últimas quatro décadas, houve avanços na área educacional brasileira, principalmente no que diz respeito à ampliação da escolaridade da população e à incorporação de novas e promissoras concepções de ensino e aprendizagem, muitas delas baseadas na perspectiva sociointeracionista. No entanto, a partir de balanços estatísticos recentes, tudo leva a crer que não há, no cenário brasileiro, progresso significativo no domínio pleno das habilidades de leitura e escrita. A maneira esquemática, prescritiva e impessoal como a produção de texto argumentativo tem sido recorrentemente implementada nas salas de aula e nos materiais didáticos é um dos fatores que não contribuem para o desempenho linguístico autônomo dos estudantes. Diversos especialistas indicam que, para o exercício da escrita deixar de ser mero exercício escolar e passar a ser experiência comunicativa, exercício de reflexão sobre o mundo e sobre a própria escrita, a atuação do professor é imprescindível. Este artigo é parte de um estudo de doutorado em andamento, interessado em produzir conhecimento sobre a interação do professor no ensino da escrita argumentativa, na tentativa de traçar campos que deem visibilidade para as potências engendradas nessa experiência com o escrever. O recorte aqui proposto tem a intenção de examinar os efeitos da mediação no estudo de um caso específico, que apresenta as intervenções de uma professora e a produção de um aluno pré-vestibulando no contexto de aulas particulares semanais, realizadas ao longo de um ano, no município de São Paulo.
During the last four decades, there were improvements in the Brazilian educational area, especially regarding the expansion of the populationʹs educational level and the incorporation of new and promising teaching and learning concepts, many of them based on a social interactionist perspective. However, based on recent statistical data, it seems that, in the Brazilian scenario, there has been no significant progress in achieving proficiency for reading and writing abilities. The schematic, prescriptive and impersonal manner that has been employed to teach writing composition in classrooms and textbooks is one of the factors that do not contribute to the student's autonomous linguistic performance. Many experts indicate that, in order for the practice of writing to cease to be a mere school task and to become a communicative experience, an exercise of reflecting about the world and writing itself, the role of the teacher is indispensable. This article is part of a doctoral study in progress, interested in producing knowledge about the interaction of the educator in the teaching of argumentative writing, in the attempt to trace fields that give visibility to the engendered potentials in this experience with the act of writing. The outline proposed here has the intention of examiningthe effects of the mediation through the study of a specific case, that presents the interventions of a teacher and the production of a high school student in the context of weekly private lessons, carried out over a year, in the city of São Paulo.