A medicalização da vida e os mecanismos de controle: reflexões sobre o TDAH

Revista do Programa de Pós-graduação em Sociologia

Endereço:
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315. Cidade Universitária
São Paulo / SP
0
Site: http://www.fflch.usp.br/sociologia/plural
Telefone: (11) 3091-3724
ISSN: 2176-8099
Editor Chefe: Andreza Tonasso Galli
Início Publicação: 28/02/1994
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Sociologia

A medicalização da vida e os mecanismos de controle: reflexões sobre o TDAH

Ano: 2011 | Volume: 18 | Número: 1
Autores: T. A. Barbarini
Autor Correspondente: T. A. Barbarini | [email protected]

Palavras-chave: TDAH, sociologia da saúde, medicalização, infância

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo propõe uma reflexão sociológica acerca do tratamento psiquiátrico e medicamentoso prescrito a crianças diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (Tdah), definido por psiquiatras e literaturas especializadas como um transtorno mental cujos sintomas são: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esse tipo de proposta é importante, pois investiga qualitativamente alguns processos relacionados ao transtorno e seu tratamento, tais como biologização, patologização, medicalização e estigmatização de certos comportamentos infantis, além de suas consequências para as crianças que recebem o diagnóstico de Tdah e têm sua condição patológica confirmada. O intuito é revelar aspectos sociais, culturais e históricos omitidos pela naturalização do transtorno, uma vez que sua etiologia é aceita como primordialmente biológica (o que confere papel secundário a fenômenos sociais). Abordam-se o discurso e saber psiquiátrico acerca do transtorno e as experiências leigas dos sujeitos que vivenciam o Tdah e que estão em contato com profissionais de saúde especializados, para que se analise se o Tdah e seu tratamento psiquiátrico e medicamentoso podem ser interpretados como mecanismos de controle de vidas. Os dados foram coletados por meio de pesquisas bibliográfica e empírica. A pesquisa de campo se desenvolveu no Ambulatório de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e contou com o método etnográfico e as técnicas de observação participativa, bem como entrevistas semiestruturadas (com profissionais de saúde atuantes no referido ambulatório, crianças entre 6 e 12 anos diagnosticadas como portadoras de Tdah e seus pais ou representantes legais) e produção e interpretação de desenhos infantis.



Resumo Inglês:

This article aims to reflect sociologically on the psychiatric and medicamental treatment prescribed to children diagnosed with Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD). It is defined as a mental disorder by psychiatrists and specialized literature and its symptoms are: inattention, hyperactivity, and impulsivity. This kind of proposition is important because it investigates qualitatively some processes related to the disorder and its treatment, such as biologization, pathologization, medicalization, and stigmatization of certain children’s behaviors, and their consequences for those children who are diagnose with ADHD and whose pathologic condition is confirmed. In other words, we have the purpose of unveiling social, cultural, and historical aspects suppressed by the naturalization of ADHD, since its etiology is accepted as primordially biological. As a consequence, social phenomena have subordinate role. In order to accomplish its aims, this article approaches the psychiatric speech and knowledge on ADHD and the lay experiences of individuals who live with the disorder and in contact with specialized health professionals. We wish to analyze if ADHD and its psychiatric and medicamental treatment can be seem as life control mechanisms. Information was collected in bibliographical and empirical researches. The field research was developed at “Ambulatório de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)”. We used ethnographic method and techniques of participative observation, semistructured interviews (with health professionals acting at the above mentioned clinic, 6-to-12-years-old children diagnosed as ADHD bearers, and their parents or legal guardians), and children’s drawings production and interpretation.