O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a narrativa como local de encenação das relações entre memória e identidade, sendo essas entendidas como produções discursivas, logo saturadas ideologicamente e o diálogo como a linguagem em sua concretude social, por isso nem sempre simétrico. A reflexão terá como elemento problematizador a obra Ponciá Vicêncio (2003), da escritora Conceição Evaristo, considerando ser a discussão em torno da construção identitária da protagonista, por extensão, dos afro-brasileiros. Para tanto, nos pautaremos na noção de identidade cultural em Stuart Hall (2003; 2006), de dialogismo em Bakhtin e de memória em Jacques Le Goff e Michel Pollack.
This present article aims at reflecting about the narrative as place of staging the relationship between memory and identity, being them understood as discursive productions, thus ideologically saturated, and the dialogue in these texts understood as the language in its social concreteness, consequently not always symmetrical. The reflection in the article will have as its problematizing element the romance Ponciá Vicêncio (2003), whose writer is Conceição Evaristo, considering the discussion around the protagonist as also, by extensi on, of the Afro - Brazilians. To this end, we'll take as basic the notion of cultural identity of Stuart Hall (2003; 2006), the notion of dialogism in Bakhtin (2010) and the notion of memory in Jacques Le Goff (1994) and Michell Pollak (1984; 1999).