O foco desta pesquisa é a análise de um aspecto fonológico da aprendizagem de Português como Língua de Herança (PLH). O objetivo geral é verificar se um falante de língua de herança, ao aprender a língua depois de adulto, mobiliza traços fonéticos/fonológicos recuperados da variante a que foi exposto na primeira infância. Para isso apoiamo-nos nos trabalhos de Cummins (1983), empregando seu conceito de Língua de Herança, de Doi (2006), Flores & Melo-Pfeifer (2014), de Spinassé (2006), abordando e diferenciando os conceitos de Língua Materna, Segunda Língua e Língua Estrangeira, e de Miranda (2012), que fez uma análise acústico-comparativa das vogais do Português Brasileiro com as do Inglês Norte Americano. Os dados foram obtidos através de um protocolo de investigação composto por questionários e entrevistas aplicados a falantes que se encaixam nas seguintes situações: filhos de pai ou mãe brasileiros que aprenderam a língua portuguesa na infância em um ambiente de não imersão, e que, portanto, possuem o Português como Língua de Herança. Os dados encontrados demonstram que a variação dialetal das participantes é compatível com as variantes a que elas foram expostas na primeira infância e diferente da variante utilizada pelos professores com os quais tiveram instrução formal no Português. Os detalhes fonéticos presentes na fala das participantes apoiam nossa hipótese de que há uma memória processual fonético-fonológica atuante, que foi adquirida na primeira infância.
The primary concern of this research is to investigate a phonological feature in Portuguese as Heritage Language (PHL) learning, in Brazilian variety. The focus of this study will be on examining whether a heritage speaker, when learning the language in a mature age, pronounces phonetic/phonological traits recovering them from the language variety which he/she was exposed to in the early childhood. We founded this research in Cummings (1983) deploying his Heritage Language concept; Doi (2006), Flores & Melo-Pfeifer (2014), and Spinassé (2006) in order to approach and distinguish Mother Tongue, Second Language, and Foreign Language concepts; also Miranda (2012) who performed an acoustic analysis comparing Brazilian Portuguese and American English vowels. The data were collected through online forms and interviews applied to Portuguese Heritage Speakers speakers who fit in these backgrounds: Brazilian’s grown children who were born abroad and had learned Portuguese in early childhood, in a non-immersion environment. The found data reveal the speakers dialectal variation is consistent to the one they were exposed to in early childhood, and also is distinct from the one used by their professors whom they had formal instruction.These phonetic/phonological features performed in the speaker’s production support our thesis: there is a phonetic/phonological procedural memory actingacquired in early childhood.