Este trabalho analisa Memórias do cárcere, o relato autobiográfico do perÃodo
em que Graciliano Ramos foi prisioneiro do Estado Novo, escrito dez anos após sua
libertação, com os seguintes objetivos: com base na conceituação de autobiografia de
Lejeune (1973), examinar as caracterÃsticas de Memórias que encaminham o leitor para
um pacto de leitura – o pacto autobiográfico; mediante a análise dos incidentes e
personagens que o narrador resgata do passado, no desejo de entender como se relacionam
com a sua situação atual; verificar a configuração memorialÃsta do texto; num terceiro
nÃvel, examinar os recursos de técnica narrativa que conferem à voz narradora o caráter
de confiabilidade no processo de reconstituição do passado, bem como os recursos de
caracterização de personagens que se impuseram à memória de seu criador.
This paper analyzes Memórias do cárcere, the autobiographical report of the
period when Graciliano Ramos was a prisoner of Estado Novo, written ten years after he
was set free, with the following objectives: based on Phillipe Lejeune’s concept of autobiography,
examine the traits in Memórias that lead the reader to the autobiographical
pact; by means of the analysis of events and characters that the narrator rescues from the
past, in his wish to understand how those incidents relate to his present situation; verify
the memorialist configuration of the text; on a third level, examine the resources of
narrative technique that make the narrator’s voice reliable, in the process of reconstructing
the past, and examine the resources used in the construction of the characters
that are unearthed by the memory of their creator.