Nesse ano de 2019, a SANARE – Revista de Políticas Públicas alcança seus 20 anos de história. Resgatála e recontá-la induz reconhecer e retratar o cotidiano dos serviços que se revestiam de novidades e lutas para a implantação e consolidação do Programa Saúde da Família em Sobral-CE. Comecemos, então!
O Programa Saúde da Família nasce, em dezembro de 1993, a partir de experiências municipais que já estavam em andamento no País. Surge como uma proposta ousada para a reestruturação do sistema de saúde, organizando a atenção primária e substituindo os modelos tradicionais existentes1.
De tal modo, avanços foram acontecendo em diversos cenários do Brasil. Em Sobral-CE, até o ano de 1996, o modelo de saúde ainda era centrado na doença e com uma característica de gestão municipal com poucas formulações e execuções de políticas públicas, o que se manifestava nos diversos setores, mas era, acentuadamente, mais identificado na saúde. Assim, quase toda a rede de saúde era dotada de serviços assistenciais vinculados a entidades filantrópicas, privadas e ao governo estadual. Até os serviços ambulatoriais de Atenção Básica estavam centralizados no hospital 2.
Movimentos foram tencionados para a implantação do Saúde da Família em Sobral-CE. Em 1997, elaborou-se um Plano Municipal de Saúde que teve o Programa Saúde da Família como modelo de Atenção Básica do município2. Dentre as estratégias de fortalecimento desse novo modelo, em 1999, foi criado o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família de Sobral 3, tendo até o ano de 2018 concluído 15 turmas, com 398 egressos.
As provocações e problematizações tencionadas pelo referido Programa de Residência, pioneiro no Brasil, demandavam estratégias de visibilidade de suas ações exitosas, e que pudessem estimular novas formas de fazer no Saúde da Família, como novo orientador da Atenção Básica brasileira. Com tal intencionalidade, cria-se, no mesmo ano (1999), a então SANARE – Revista Sobralense de Políticas Públicas, de cunho estritamente local, com 11 artigos temáticos sobre o Saúde da Família e o seu processo de implantação no município. Até seu último número (n.1, 2019), a SANARE – Revista de Políticas Públicas conta com 33 números distribuídos em 18 volumes, publicizando experiências e resultados de pesquisas em 438 artigos, os quais versam sobre variados temas envolvendo a Saúde Coletiva em âmbito local e nacional.
Convidamos, assim, à leitura dos artigos que compõem o n.2, 2019, da SANARE – Revista de Políticas 6 - SANARE (Sobral, Online). 2019 Jul-Dec;18(2):07-14 Públicas que dialogam sobre importantes questões que perpassam o contexto da Saúde Coletiva no Brasil e que fomentam reflexões estratégicas para o fortalecimento de cotidianos de trabalho vivos e implicados com a melhoria da saúde brasileira.
Ademais, incitamos que leiam os números anteriores, de modo a visualizarem os retratos históricos de uma iniciativa local de publicização de experiências, mas que vem se tornando em uma estratégia potente para divulgar problematizações sobre os diversos contextos e questões que envolvem a saúde.