Merleau-Ponty e a aceitação da hipótese do inconsciente enquanto temporalidade

Natureza Humana Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise

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Editor Chefe: Zeljko Loparic
Início Publicação: 31/05/2015
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Filosofia

Merleau-Ponty e a aceitação da hipótese do inconsciente enquanto temporalidade

Ano: 2015 | Volume: 17 | Número: 2
Autores: Vitor Vasconcelos
Autor Correspondente: V. Vasconcelos | [email protected]

Palavras-chave: psicanálise; Merleau-Ponty; fenomenologia; tempo.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo tem como objetivo apresentar as críticas de Merleau-Ponty em relação à
psicanálise e indicar uma mudança substantiva de seus posicionamentos referentes a ela ao longo
da década de 1940. Procuraremos mostrar que, em primeiro lugar, a psicanálise permaneceu para
ele como uma metafísica da existência humana – inspirada em larga medida pela influência dos
trabalhos de Politzer –, e o inconsciente, em vez de fornecer o material para a descrição do
comportamento em geral, poderia somente iluminar as formações da anomia psíquica. Em sua
obra seguinte, Fenomenologia da percepção, ao reconhecer a ideia de temporalidade presente nas
meditações husserlianas acerca da retenção intencional, Merleau-Ponty é capaz de caracterizar a
psicanálise como uma condição de descrição do conjunto dos impasses da vida cotidiana, para
além do aspecto patológico. O inconsciente passa a ser, portanto, a expressão de uma função mais
primordial: a do tempo. Finalmente, destacamos brevemente algumas críticas direcionadas à
interpretação merleau-pontyana do inconsciente, por consistir em uma abordagem que procura
tratá-lo a partir de uma apropriação racional, dando à descoberta de Freud um lugar definido em
uma teoria da totalidade das funções psíquicas.



Resumo Inglês:

This article aims to present Merleau-Ponty’s criticism towards psychoanalysis and
indicate a substantive change in his positions over the 1940s. We will try to show that
psychoanalysis remained for him first as a metaphysics of human existence, inspired largely by
the influence of Politzer’s work, and the unconscious instead of providing the material for the
description of behavior usually only could illuminate the formations of psychic anomie. In his
next work, Phenomenology of Perception, Merleau-Ponty is capable to recognize the idea of
temporality present in Husserl’s meditations about the retention aspect of consciousness and
elevate psychoanalysis as basis to describe, beyond the pathological aspect, the set of impasses
of everyday human life. The unconscious becomes, therefore, the expression of more a fundamental function, namely the time. Finally, we highlight briefly some criticism directed at
the interpretation of Merleau-Ponty’s unconscious consisting of an approach which seeks to treat
it from a rational appropriation, giving the discovery of Freud a definite place in a theory of all
psychic functions.