Desde seu nascimento, as modernas biotecnologias têm gerado controvérsias nas quais os pesquisadores envolvidos são acusados de brincar de Deus ou de ter aberto a caixa de Pandora, comparados ao Victor Frankenstein de Mary Shelley ou considerados criadores de admiráveis mundos novos. Este artigo faz uma análise de discurso da cobertura da clonagem e das pesquisas com células-tronco por dois jornais brasileiros: Folha de S. Paulo e O Globo. Seu foco recai sobre as metáforas usadas para significar uma ciência sob controle excessivo ou escasso: “brincar de Deusâ€, “Frankensteinâ€, “gênio fora da lâmpadaâ€, “caixa de Pandora†e “admirável mundo novoâ€. Essas imagens foram conotadas em geral de modo negativo quando associadas com a clonagem reprodutiva. Nos discursos dos defensores da clonagem terapêutica e das pesquisas com células-tronco embrionárias, essas metáforas só foram usadas para ser rechaçadas como sendo fictÃcias e infundadas ou foram subvertidas, adquirindo conotações positivas.