Este artigo pretende analisar as várias e muito peculiares concepções que Gaston Bachelard tem da metafÃsica
e da Ãntima relação que estabelecem com a ciência. Na verdade, encontramos na sua obra, não uma, mas três concepções de metafÃsica em jogo: a metafÃsica como evolução dos conceitos e noções cientÃficos; a metafÃsica como plano de fundo histórico e psicológico da actividade cientÃfica que amiúde se constitui como obstáculo epistemológico; e a metafÃsica como criação de realidades matematizadas, directamente relacionada com a noção de ‘surracionalismo’ e com a concepção do real como construção cientÃfica. Estas três concepções foram fruto do estudo da evolução histórica da ciência que Bachelard levou a cabo e, sobretudo, da compreensão da ciência da sua época. É porque, segundo ele, a “metafÃsica e filosofia dos filósofos†não estava à altura da ciência moderna que Bachelard propõe a criação de uma nova filosofia das ciências, feita à imagem das ciências e como elas multifacetada, evolutiva e revolucionária.