Proponho que a exposição do acervo do Museu Afro Brasil (SP) possui características muito representativas da interseção entre os ofícios de criação e curadoria de arte e sobre o trato da memória institucional, através de práticas pouco convencionais de exercício da expografia. À vista disso, busco refletir sobre uma interpenetração entre curadoria, fazer artístico e expografia, e trazer aportes das análises sobre curadoria, criação artística e arranjos metalinguísticos no museu estudado. Apresento a exposição como memorial institucional – com base em conversas e entrevistas com colaboradores, do “diálogo ausente” com o curador-diretor-artista e da análise de material bibliográfico e obras do acervo – por compreender a exposição como um imaginário composto por montagens de imagens criadas por Emanoel Araújo. Para comunicar a singularidade da exposição, trago uma perspectiva dos objetos em exibição possibilitada pelos registros de campo e as análises a partir dele, em diálogo com teóricos das artes e humanidades sobre práticas curatoriais, polissemia da imagem e o papel da cenografia. Discuto o fazer artístico da curadoria e o ofício de curador-artista calcado na figura de Emanoel Araújo, que toma como base A Mão Afro-Brasileira. Por fim, tenciono a relação texto-imagem-público, ao passo que, apesar de não haver consenso sobre as possibilidades criativas do fazer curatorial, afirmo que Emanoel Araújo e equipe ultrapassam o usual esperado desta prática, posto que os limites sobre a topografia dos objetos dispostos e os recursos sensoriais da cenografia são extrapolados.
I propound that the collection exhibition of Afro Brasil Museum located in São Paulo, Brazil, features characteristics that well represent intersections between art creation and curatorial work, besides its dealt with institutional memory through less conventional exhibit designs. Thus, I seek a reflection about the interchange between curatorial work, art making and metalanguage arrangements within this museum. I introduce this exhibition as an institutional memorial – based on conversations and interviews with the museum staff, “absent dialogues” with its curator-director-artist and by the analysis of bibliographic material, so as the collection itself – due to my understanding of the exhibition as an imagery formed by composite images set by Emanoel Araújo. In order to communicate the singularity of this exhibition I bring a perspective of the objects exhibited, by means of the registers of fieldnotes and on, undertaking a dialogue with scholars from arts and humanities about curatorial work, the polysemy of image and the role of scenography. I discuss the art making of curatorial work and Emanoel Araújo’s métier as curator artist, supported by his concept A Mão Afro-Brasileira (The Afro-Brazilian Hand). In conclusion, I stress the relation text-image-public in order to communicate the singular aspects of its exhibition. Whilst the absence of consensus toward creativity and art agency while designing exhibitions, I assert that Araújo and his team strain the usual expectations on curatorial practice hence the limits of topographic arrangements and scenography schemes as a sensorial tool are extrapolated.