A obra Robinson Crusoé de Daniel Defoe é considerada até hoje uma das obras clássicas da literatura mundial. Fundamenta-se em uma época em que o romance tende a ascender, segundo a visão de Ian Watt - que atribui ao texto de Defoe a legitimação de uma concepção econômica - posteriormente a se afirmar, no ponto de vista de Luiz Costa Lima. O confronto clássico da obra, a luta da personagem principal Robinson Crusoé de sair definitivamente da ilha em que está encarcerado se dá em paralelo com a relação que Crusoé trava com seu amigo Sexta-Feira. O presente trabalho tem como objetivo enfocar as relações de poder que se estabelecem nessa relação que oscila entre a horizontalidade e a verticalidade sob o prisma da religião, descrevendo como Robinson Crusoé exalta sua fé cristã perante o paganismo de Sexta-Feira. Importante ressaltar que a afirmação da religião por parte de Robinson Crusoé em muitos momentos da obra segue uma espécie de subjugação e cria um contraste entre a figura do branco europeu como o colonizador e a do nativo asiático, representando o colono oprimido. Para concretizar este intuito, os referenciais teóricos deste texto serão Homi K. Bhabha, Luiz Costa Lima, Ian Watt, Ãtalo Calvino e Mircea Eliade.