Compreendendo a psiquiatria como peça de poder na estratégia de controle e dominação/sujeição do indivÃduo dito ‘louco’, e como uma nova forma de percepção social da experiência da loucura, então capturada pela ‘medicina mental’, a obra “História da Loucura na Idade Clássicaâ€, de Michel Foucault, completa 50 anos, revolucionando nossa compreensão sobre a loucura e as relações entre razão e desrazão na constituição da subjetividade ocidental. Através de uma abordagem metodológica diferente daquela tradicional, e nos permitindo uma análise e uma investigação do efeito-instrumento que é a implantação dos desvios psicopatológicos e seus efeitos de poder, decifra-se como a doença mental foi produzida por meio do paradigma psiquiátrico em seus saberes e instituições fundantes, transformando a experiência individual e coletiva da loucura. Também fundamental se torna compreender a atualidade desta obra e sua potência para orientar nossas transformações em curso no campo da saúde mental, nos processos de Reforma Psiquiátrica e inovação nas polÃticas e serviços que estão sendo construÃdos pelos atores sociais pertinentes no lidar com a loucura, buscando produzir um novo lugar social para o sofrimento mental e o diferente.