A resenha sobre o livro Viagem Solitária, de João W. Nery, busca relatar as experiências do primeiro caso noticiado de um homem trans no Brasil, o qual teve que encarar a ilegalidade de sua existência e o desconhecimento sobre a transexualidade em um país durante uma ditadura militar, com pouca ou nenhuma liberdade sexual e de gênero. Diante do contexto marcado pelo regime militar, pela falta de direitos e, consequentemente, pela lentidão do sistema legislativo e de justiça no reconhecimento e legitimação das experiências transexuais no país, somente na segunda década do século XXI, alguns dos direitos de João — que se assumiu transexual em 1984 — seriam, de fato, reconhecidos. Ainda hoje, as diversas violências vividas por pessoas trans são negligenciadas no sistema de justiça brasileiro.