A governância e o estudo das migrações internacionais desafiam estudiosos(as) do tema, agentes que atuam com migrantes e refugiados, os próprios sujeitos em mobilidade e, especialmente, lideranças de instituições que fazem interface com os fenômenos relacionados aos deslocamentos populacionais. As situações consideradas emergências migratórias se multiplicam, enquanto são ainda escassos os esforços por uma compreensão das migrações como fenômeno estrutural da humanidade e oportunidade para os povos e para os sujeitos que integram os fluxos. Este artigo é uma tentativa de reflexão teológica e pastoral, inspirada na interculturalidade como categoria para a leitura e a análise dos desafios e das possibilidades que as migrações internacionais oferecerem e demandam de seus atores, a partir de alguns textos de Raimon Panikkar (1918-2010). O autor compreende a interculturalidade como pensamento e como práxis que incide na qualidade da convivência entre pessoas de culturas e religiões diferentes.