Este texto sinaliza um conjunto de questões no âmbito a poesia portuguesa da segunda metade do século XX, sua relação com a poesia visual e as artes plásticas. Nesta perspectiva produz-se uma análise crÃtica de alguns autores privilegiando o cruzamento de poéticas visuais, expressões plásticas da linguagem e dinâmicas textuais que exploram a plenitude da palavra, as suas manifestações gráficas e suas ressonâncias. O panorama da poesia portuguesa dos anos 60, a sistematização dos principais entendimentos crÃticos que dela são feitos, e o espaço ocupado pelos autores comprometidos com a corrente visual, constituem outro enfoque deste ensaio. Negatividade, fragmentação e errância do sentido, surgem a este propósito como caracterÃsticas literárias que favorecem um encontro entre diferentes sensibilidades estéticas. De resto é de salientar o facto de vários dos autores aqui comentados terem de um modo ou de outro explorado os enredos e as vertigens da poesia visual. Procurou-se também destacar o paralelismo entre obras caracterÃsticas da poesia visual e a transposição da pintura em poemas de outros relevantes escritores, e indagar o papel da perspectiva ecfrásica nesta discussão. A influência do concretismo brasileiro em Portugal, a sua recepção e repercussão constitui outra das preocupações do ensaio.