Neste ensaio, pretendo refletir sobre algumas das principais ideias propostas pelo
chamado CÃrculo de Bakhtin. Para tanto, irei apresentar e discutir noções fundamentais Ã
compreensão do pensamento bakhtiniano, cuja influência e importância são inegáveis nos dias
de hoje para os estudos linguÃsticos. Inicialmente, ao concentrar a atenção nas definições de
lÃngua e linguagem, exponho as caracterÃsticas das duas grandes concepções teóricas vigentes
à época, aqui sistematicamente criticadas: o subjetivismo idealista e o objetivismo abstrato. A
linguagem, para os estudiosos do CÃrculo, deve ser concebida não como expressão do
pensamento individual ou como um sistema associal, e sim como processo de interação entre
sujeitos situados sócio-historicamente. Em seguida, irei recorrer à noção bakhtiniana de
dialogismo, evidenciando que, em enunciações vivas, concretas, do nosso cotidiano, é
impossÃvel a produção de um discurso que não dialogue com outros discursos precedentes ou
vindouros. Nesse cenário, também enfatizo a tensão de vozes sociais dialógicas representada
pelas forças centrÃpetas e as forças centrÃfugas da linguagem. Por fim, irei discorrer acerca da
abordagem bakhtiniana dos gêneros do discurso, compreendidos como modos sociais de agir
e de dizer construÃdos sócio-historicamente.
In this essay, I intend to reflect on some of the main ideas proposed by the so-called
Bakhtin Circle. In order to do so, I will present and discuss some fundamental notions to
understand the Bakhtinian thought, whose influence and importance are nowadays undeniable
for linguistic studies. Initially, by focusing on the definitions of language, I show the
characteristics of two great theoretical conceptions, systematically criticized here: the
idealistic subjetivism and the abstract objetivism. Language, for the scholars of the Circle,
must be conceived not as expression of the individual thought or as a non-social system, but
as a process of interaction among sociohistorical situated citizens. After that, I will examine
the Bakhtinian notion of dialogism, evidencing that, in our daily live and concrete
enunciations, the production of a discourse that does not dialogue with other preceding or
coming discourses is impossible. In this scenery, I also emphasize the tension of dialogic
social voices represented by the centripetal forces and the centrifugal forces of language.
Finally, I will consider the Bakhtinian approach to genres, comprehended here as social ways
of acting and speaking that are sociohistorically constructed.