Ao cantar que “a vida só se dá pra quem se deu†(VinÃcius de Moraes), o poeta aponta para a dimensão da reciprocidade da vida que é o inÃcio da solidariedade. A responsabilidade recÃproca entre cada um e a comunidade humana faz a vida desabrochar. Por isso, a prática da solidariedade encontra-se em todos os povos e grupos sociais. Ela varia entre um “fato quase naturalâ€, como, por exemplo, a solidariedade familiar, um “deverâ€, como o socorro depois de um acidente, e uma “virtudeâ€, como a prática da caridade fora de obrigações legais. A diferença está nas motivações – laços de sangue, punição pela lei ou opções de fé – que permitem uma maior ou menor abrangência da solidariedade. Na larga escala de práticas solidárias, a solidariedade dos cristãos não vai, necessariamente, mais longe do que a solidariedade praticada na base de outras religiões, crenças ou ideologias. Ela tem, porém, fundamentos teológicos próprios e horizontes especÃficos que permitem fazer um discernimento crÃtico nos diferentes cenários da vida cotidiana.