MITO E COLÔNIAS NA REPUBLICA DE WEIMAR Tabu, uma história dos mares do Sul de Friedrich Wilhelm Murnau (1931)

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Universidade Estadual do Maranhão, Curso de História, Campus Paulo VI, Bairro Tirirical
São Luís / MA
Site: http://www.outrostempos.uema.br
Telefone: (98) 3245-6141
ISSN: 18088031
Editor Chefe: Marcelo Cheche Galves
Início Publicação: 13/04/2004
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

MITO E COLÔNIAS NA REPUBLICA DE WEIMAR Tabu, uma história dos mares do Sul de Friedrich Wilhelm Murnau (1931)

Ano: 2016 | Volume: 13 | Número: 22
Autores: CATHERINE REPUSSARD
Autor Correspondente: CATHERINE REPUSSARD | [email protected]

Palavras-chave: Murnau, Cinema, Polinésia, Modernidade, Tradição

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A desconstrução do pensamento colonial não é apanágio das vozes pós-coloniais contemporâneas que concentram suas análises sobre a questão da percepção da alteridade a partir de uma mirada saída das “periferias” e dirigida ao “centro”. No seu último filme Tabu, uma história dos mares do Sul (1931), Friedrich W. Murnau denuncia a destruição das culturas extra-européias, notadamente da cultura polinesiana, sob a influência de um intervencionismo político, económico e cultural europeu. Mas ele insiste, igualmente, sobre a propensão das “culturas naturais” (Donna Haraway) engendrarem sua própria destruição. Toda a tentativa de emancipação, ilustrada pelo amor proibido que um jovem pescador de pérolas nutre por uma esplêndida jovem, transgride o interdito e leva a morte. Assim, o filme de Murnau, situado entre o documentário e a ficção expressionista, coloca em cena perfeitamente o rejeito da modernidade ocidental, questionando, ao mesmo tempo, a ideia de retorno às origens. Este questionamento confere a Tabu uma força particular, especialmente no contexto político da Alemanha dos anos 30.



Resumo Inglês:

Contemporary postcolonial scholars, whose approaches focus on the perception of the Other using a counter-gaze from the ‘peripheries’ towards the ‘centre’, are not alone in having endeavoured to deconstruct colonial thought. In his last film Tabu, eine Geschichte aus der Südsee (1931), Friedrich Wilhelm Murnau denounced the destruction of nonEuropean cultures (Polynesian in that case) under the influence of the political, economic and cultural European interventionism. He also highlighted the inclination of ‘culturenatures’ (Donna Haraway) to generate their own destruction. All attempts at emancipation, including the young pearl diver Matahi’s forbidden love for the beautiful girl, come up against the immutable taboo dictated by the priest Hitu, who represents Tradition (and murders Matahi), and are doomed to end in death. Halfway between documentary and expressionistic fiction, Tabu is a brilliant depiction of the rejection of Western modernity and meditation on the idea of a return to the origins – a particularly resonant work, especially given the political context of Germany in the 1930s.



Resumo Espanhol:

La déconstruction de la pensée coloniale n’est pas l’apanage des voix postcoloniales contemporaines qui concentrent leurs approches sur la question de la perception de l’altérité à partir d’un contre-regard issu des ‘périphéries’ et dirigées vers ‘un centre’. Dans son dernier film Tabu, eine Geschichte aus der Südsee (1931), Friedrich Wilhelm Murnau dénonce la destruction des cultures extra-européennes, en l’occurrence de la culture polynésienne, sous l’influence d’un interventionnisme politique, économique et culturel européen. Mais il insiste également sur la propension des « culturenatures » (Donna Haraway) à générer leur propre destruction. Toute tentative d’émancipation, illustrée par l’amour interdit qu’un jeune pêcheur de perles Matahi porte à une splendide jeune fille, Réri, brise en effet l’immuable tabou dicté par le prêtre Hitu, représentant de la Tradition (et assassin de Matahi) et ne peut que mener à la mort. Ainsi, le film de Murnau, se situant entre documentaire et fiction expressionniste, met-il parfaitement en scène le rejet de la modernité occidentale tout en interrogeant l’idée de retour aux origines. Ce questionnement confère à Tabu une force particulière, notamment dans le contexte politique de l’Allemagne des années 30.