A estruturação urbana nas cidades capitalistas interfere no cotidiano dos citadinos
à medida que estes necessitam locomover-se constantemente para realizarem as
mais diversas funções e atividades, e para adquirir bens e serviços, os quais se
encontram dispersos nesse espaço e são necessários à reprodução da vida. Dessa
forma, a situação espacial de cada um pode facilitar ou dificultar esses
deslocamentos intra-urbanos. Associado a ela está o poder aquisitivo que definirá
os meios de locomoção a serem utilizados para que ocorram o uso e a
apropriação do espaço urbano. As cidades médias, em sua maioria, como o caso
de Presidente Prudente-SP, têm apresentado caracterÃsticas que eram, até pouco
tempo, comuns apenas nos espaços metropolitanos. Isso tem ocorrido em função
das diferenças socioespaciais estarem mais presentes, e do espaço urbano tornarse cada vez mais compartimentado, expressando os processos de segregação e
auto-segregação, os enclaves e as novas periferias, os novos espaços voltados
para o consumo de mercadorias e a possibilidade da ocorrência da fragmentação
urbana. Nesse sentido, nosso objetivo foi entender como essas manifestações se
apresentam nesta cidade e interferem na vida dos citadinos, no que diz respeito
ao exercÃcio do direito à cidade. Para a compreensão do fato, analisamos o
cotidiano de diferentes tipos sociais (mulher trabalhadora, dona-de-casa,
estudante, desempregado, idoso, portador de deficiência fÃsica e residente em
cidade vizinha a Presidente Prudente), por meio de entrevistas e
acompanhamentos de percursos intra-urbanos, no intuito de avaliar a mobilidade
e o grau de acessibilidade para a reprodução da vida. Definimos três perfis para
cada tipo social, considerando para isso a faixa salarial, a faixa etária, o lugar de
residência e os meios de deslocamentos. A partir desse estudo foi possÃvel
entender os entrevistados como segregados, diferenciados ou auto-segregados
socioespacialmente, de acordo com a relação entre situação espacial e a condição
socioeconômica, que define o meio de deslocamento e interfere no acesso
diferenciado à cidade. Essas configurações refletem a lógica de produção,
apropriação e consumo do espaço urbano, que favorece a diferenciação
socioespacial no interior da cidade e interfere na vida dos citadinos.