Este artigo realiza uma análise da teoria da modernidade de Alain Touraine a partir de categorias críticas desenvolvidas por György Lukács no ensaio A reificação e a consciência do proletariado. Para tanto, em primeiro lugar, busca-se compreender as críticas de Lukács ao diagnóstico de Max Weber sobre a modernidade; em segundo lugar, utilizar as categorias desenvolvidas por Lukács nessas críticas para interpretar a teoria da modernidade do sociólogo Alain Touraine, uma vez que esta em muito se baseia na visão weberiana. Conclui-se que as considerações de Touraine sobre a modernidade e, em especial, sobre o regime político que lhe corresponderia, a democracia (conforme definida pelo autor), expõem nitidamente alguns dos problemas levantados por Lukács nas suas objeções a Weber. O principal desses problemas é que, desde o ponto de vista do autor húngaro, a teoria weberiana, antes de explicar a modernidade, é um produto da sua forma de pensamento típica. O mesmo ocorre com a definição de democracia de Touraine, que constitui uma expressão normativa dessa forma de pensamento moderna.