Este artigo propõe uma reflexão, no âmbito da música de concerto, sobre o repertório violinístico padrão – homogeneizado mundialmente tanto nos meios profissionais quanto de formação no instrumento. Tal repertório exclui, quase totalmente, a produção musical proveniente de países situados fora do continente europeu, além de priorizar as obras compostas nos séculos XVIII e XIX, e manter à margem, também, as obras compostas por mulheres sejam estas de qualquer lugar ou época. A partir do pensamento crítico decolonial, buscamos analisar a matriz de poder contida nesta tradição, além de explicitar a reprodução sistemática de obras musicais que instigam e perpetuam uma visão eurocêntrica do instrumento.