O Atual contexto político tem imposto importantes desafios para pesquisadores que se proponham a se debruçar sobre ele. Dentre as várias questões que se impõem, o desgaste das estruturas convencionais de articulação política desponta com relevância particular, necessitando de uma abordagem ampla e profunda, para além dos jargões e da polarização. A presente pesquisa busca entender como o partido Podemos superou os problemas ligados a crise de representação institucional e pôde se tornar um “novo príncipe moderno”, no sentido dado por Gramsci. Nossa metodologia de análise embasa-se no levantamento bibliográfico em jornais, sites e no testemunho de intelectuais próximos ao Podemos, de modo a reconstituir as origens de sua organização interna e do discurso hegemônico por eles empregado. Nossa hipótese se baseia no aporte gramsciano para pensar como a forma de organização política do Podemos conseguiu se afastar dos canais institucionais tradicionais, ao buscar disputar a hegemonia dentro dos paradigmas da Modernidade Reflexiva, conforme a abordagem de Beck, e da “sociedade em redes”. Na conclusão, propomos que o Podemos se consolida a partir da articulação de uma nova materialidade com a produção de um novo discurso hegemônico, afirmando práticas organizacionais que se fazem ao largo dos canais institucionais e são promovidas por um número reduzido de mediadores, o que os aproxima do populismo tal como compreendido em Laclau. Isso, entretanto, se serve como um antídoto ao excesso de burocratização, coloca o desafio ao partido de manter uma estrutura formal partidária, ao mesmo tempo em que sua condição depende de manter a abertura para a promoção de lideranças distribuídas.