Tendo em vista o Trabalho como categoria central na ontologia do ser social (LUKÁCS, 2012, 2013), pretendeu-se neste artigo explicitar as tensões existentes na relação entre a produção literária brasileira contemporânea e os processos histórico-sociais de precarização do trabalho, a fim de compreender quais são as forças políticas e econômicas, o controle ideológico e os processos de mudança social que subjaz ao discurso ficcional do romance De gados e homens (2013), de Ana Paula Maia. Dessa maneira, ao concordarmos que “a precarização do trabalho afirmou-se no século XXI como precarização estrutural do trabalho” (ALVES, 2013, p. 145) e ao ancorarmos a abordagem crítica do romance em questão nas reflexões analíticas de Candido (2006), Lukács (1965, 1968, 1978, 2009) e Jameson (1992), propõe-se a hipótese de que a coerência interna da narrativa possui ligações formativas com a contemporânea restruturação capitalista em aspecto periférico, evidenciando e problematizando, pela formalização estética e construção de personagens, a dimensão simbólica e subjetiva do processo modernizador autoritário e desigual do Estado brasileiro.