Este artigo discute as relações de trabalho doméstico remunerado no Brasil contemporâneo, partindo da proposta analítica de compreender o entrelaçamento das relações sociais de gênero, raça e classe. Associando-se à persistente divisão sexual do trabalho, o racismo estrutural e a luta de classes têm produzido um quadro de acentuada desigualdade social. Como uma das expressões mais sensíveis desta desigualdade, a existência de um contingente que ultrapassava as 6 milhões de trabalhadoras domésticas no país, em 2019, das quais 61,6% são mulheres negras e somente 28,2% contavam com o registro na carteira de trabalho. A partir de dados estatísticos das últimas décadas, o estudo aponta um perfil do trabalho doméstico remunerado, como a expansão da modalidade de diarista, mantida à margem das recentes conquistas no plano normativo, estabelecidas na Emenda Constitucional nº 72/2013 e na Lei Complementar nº 150/2015.
This article discusses the paid domestic work relationships in contemporary Brazil, from the analytical proposal of understanding the articulation between gender, race and class. Associated with the persistent sexual division of labour, structural racism and class struggle have produced a picture of serious social inequality. As one of the most sensitive expressions of this inequality, the existence of a contingent that exceeds 6 million domestic workers in the country, in 2019, of which 61.6% are black women and only 28.2% hold a registered employment contract. Based on statistical data from the last decades, the study points to a profile of paid domestic work, such as the expansion of daily paid labour modality, kept apart from the recent achievements on the legislation, established in Constitutional Amendment No. 72/2013 and Complementary Law No. 150/2015.
Este artículo analiza las relaciones del trabajo doméstico remunerado en Brasil contemporáneo, a partir de la propuesta analítica de la comprensión del entrelazamiento de las relaciones sociales de género, raza y clase. Asociado con la persistente división sexual del trabajo, el racismo estructural y la lucha de clases han producido un cuadro de gran desigualdad social. Como una de las expresiones más sensibles de esta desigualdad, la existencia de un contingente que superó los 6 millones de trabajadoras del hogar en el país, en 2019, de las cuales el 61,6% son mujeres negras y solo el 28,2% tenía el registro en la tarjeta de trabajo. Con base en datos estadísticos de las últimas décadas, el estudio apunta a un perfil del trabajo doméstico remunerado, como la expansión del tipo de jornalero, mantenido al margen de las recientes innovaciones en el plan normativo, establecido en la Enmienda Constitucional nº 72/2013 y en la Ley Complementaria nº 150/2015.