A morte, o conjunto dos rituais fúnebres e o culto aos mortos constituem-se no objeto de estudos deste artigo. Trabalhamos com a etno-história, analisando os procedimentos culturais das sociedades coloniais e pós-coloniais que se estabeleceram nos vales do Madeira, Mamoré e Guaporé, entre os séculos XVIII e XX. De formação cristã e católica, essas sociedades constituíram rituais e práticas de cuidados com o morto e sua alma a partir das doutrinas religiosas trazidas para o Novo Mundo pelos agentes colonizadores, mas como em todas as regiões onde essas sociedades se estabeleceram, também aqui, foram definidas práticas e rituais próprios, resultantes tanto das relações da sociedade com o meio ambiente local, quanto das diversas interações socioculturais entre os povos que viriam a formar essas novas sociedades. As adversidades ambientais, as enormes distâncias dos núcleos coloniais em relação a outros centros e às metrópoles tiveram papel expressivo na constituição de um padrão cultural específico em relação aos procedimentos dos vivos para com a morte e para com seus mortos. Nossa proposta de trabalho é estudar as características e os procedimentos ritualísticos que marcam a morte e o culto aos mortos nas sociedades formadas a partir das diversas etapas da colonização ocidental nos vales do Madeira, Mamoré e Guaporé, entre os séculos XVIII e XX. Para tanto recorremos tanto á documentação disponível, quanto ao uso de narrativas, depoimentos e observação de campo. Os resultados evidenciam que as culturas locais adaptaram práticas e procedimentos diversificados, que têm por base as tradições cristãs, notadamente de cunho católico romano, mas que, por circunstâncias diversas sofrearam uma serie de alterações a partir da inclusão de outras matrizes culturais, tanto cristãs, de doutrina protestante e evangélica, quanto ameríndias ou africanas.
The death, all the funeral rites and the cult to the deads are on the subject of studies of this article. We worked with the ethno - history and analyzed the cultural procedures of colonial and post - colonial societies who settled in the valleys of Madeira, Mamore and Minas, between the eighteenth and twentieth centuries. From Christian and Catholic, these companies formed rituals and caring practices for the dead and his soul from the religious teachings brought to the New World by settlers agents, but as in all regions where these companies have established themselves, it was also defined here their own practices and rituals, from both society's relations with the local environment and the various socio - cultural interactions between people that came to form these new companies. The environmental adversity, the vast distances of the colonial core regarding to other centers and cities had a significant role in the formation of a cultural pattern regarding to specific procedures to live with death and with their dead. Our proposal is to study the characteristics and procedures ritual marking the death and the cult of the dead in the companies formed from the various stages of colonization in the western valleys of Madeira, Mamore and Minas, between the eighteenth and twentieth centuries. That’s why we studied all the available documentation and used the narratives, interviews and field observation. The results show that local cultures have adapted diverse practices and procedures, which are based on Christian traditions, notably the Roman Catholic slant, but because of diferente circumstances, they experienced a series of changes from the inclusion of other cultural sources, not only Protestant Christian and evangelical doctrine, but also the Amerindian or African’s.