Repressão dos sentimentos, manifestações do luto, mudanças na percepção do fim da
vida: em torno desses temas que Mortes vitorianas foi escrito. Propõe-se neste trabalho uma
reflexão sobre diversas transformações sociais e culturais ocorridas no perÃodo oitocentistas
relacionadas ao conceito de morte.
A partir do século XIX, o homem, cada vez mais podado das possibilidades de expressar
seus sofrimentos – encerrados na intimidade dos lares burgueses – e, ao mesmo tempo, exposto
à esfera pública da urbanidade moderna, dependia de um conjunto de códigos sociais que lhe
indicava o que era prudente ou não de ser mostrado. Aprendia a aniquilar seus instintos,
deixando de pensar e agir espontaneamente. Esse corpo vitoriano, docilizado e contido, foi
submetido a rÃgida racionalização em prol de um autocontrole baseado em uma moral ascética e
pudica. A primeira parte da dissertação analisa o processo de construção de uma nova idéia de
corpo “naturalmente racionalâ€, através da morte de si. (...)