Mudanças na função pulmonar durante um triênio tem relação com a mecânica respiratória em crianças e adolescentes com fibrosecística?

Revista Brasília Médica

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ISSN: 2236-5117
Editor Chefe: Eduardo Freire Vasconcellos
Início Publicação: 01/09/1967
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Enfermagem, Área de Estudo: Medicina, Área de Estudo: Saúde coletiva

Mudanças na função pulmonar durante um triênio tem relação com a mecânica respiratória em crianças e adolescentes com fibrosecística?

Ano: 2023 | Volume: 60 | Número: Especial
Autores: Tayná Castilho1, Renata Mg Wamosy2, Juliana Cardoso2, Patrícia Mr Keil2, José Dirceu Ribeiro1, Camila Is Schivinski2
Autor Correspondente: Tayná Castilho | [email protected]

Palavras-chave: função pulmonar, mecânica respiratória, criança, adolescente

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

INTRODUÇÃO: A avaliação da função pulmonar pela espirometria faz parte da rotina de acompanhamento de indivíduos com fibrose cística (FC), a qual tem sido complementada com outras avaliações, como da mecânica respiratória por meio do sistema de oscilometria de impulso (IOS). A evolução da FC é acompanhada de declínio dos parâmetros espirométricos. Em contrapartida os parâmetros do IOS merecem maiores investigações na população pediátrica.

OBJETIVO: Identificar mudanças e a relação da função pulmonar e da mecânica respiratória ao longo de três anos de avaliação.

METODOLOGIA: Estudo observacional, analítico, transversal e prospectivo realizado em 2017, 2018 e 2019. Incluiu-se crianças e adolescentes com FC de um centro de referência. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética da instituição. Obteve-se os dados de variante genética e colonização por patógeno em prontuários. Registraram-se as variáveis espirométricas de VEF1 e FEF25-75, e as variáveis oscilométricas de resistência total das vias aéreas(R5), reatância a 5Hz(X5) e frequência de ressonância(Fres). A espirometria e IOS foram realizadas de acordo com a ATS e ERS, e os dados foram apresentados em valores percentuais do predito da Global Lung Function Initiative (GLI) para a espirometria e de acordo com Assumpção et al (2016) para o IOS. Para análise estatística utilizouse o software IBM SPSS. A distribuição dos dados foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk, em seguida foi aplicado o teste MANOVA de medidas repetidas, visto que as variáveis dependentes foram VEF1%, R5% e Fres% e a independente foi o tempo. Para as variáveis FEF2575% e X5% foi utilizado o teste de Friedman. Também foi realizada Regressão Linear Simples para testar se VEF1% conseguia predizer de forma significativa as variáveis R5% e X5%, no período de três anos consecutivos.

RESULTADOS: Participaram 30 indivíduos com FC, estáveis, sendo que 73,3% tinham pelo menos um alelo F508del e 76,7% eram colonizados. Apresentaram os valores de média±desvio padrão nos respectivos anos de 2017, 2018, 2019: idade (9,20±2,6; 10,07±2,5; 10,93±2,6); VEF1% (79,59±22,54; 74,63±22,13; 75,66±24,64); FEF25-75% (57,56±28,11; 49,66±29,13; 56,19±30,92); R5% (105,71±27,40; 116,92±25,58; 107,53±25,72); X5% (180,16±72,91; 216,27±97,60; 205,23±102); Fres% (121,11±30,91; 129,07±34,35; 128,87± 44,81). O teste MANOVA foi significativo(p=0,044), especificamente no R5% entre 2017-2018(p=0,026) e 2018-2019(p=0,046). O teste de Friedman não foi significativo. A Regressão Linear Simples foi significativa entre VEF1% e as variáveis R5% e X5%. Houve aumento nos valores de R2 ao longo dos anos. R5%xVEF1%: 2017 (R2=0,178, p=0,020); 2018 (R2=0,300, p=0,002); 2019 (R2=0,364, p<0,001); X5%xVEF1%: 2017 (R2=0,406, p<0,001); 2018 (R2=0,548, p<0,001); 2019(R2=0,569, p<0,001).

CONCLUSÃO: Ao longo dos anos não houve mudança na espirometria, porém houve piora na mecânica respiratória (R5%) no ano de 2018. As mudanças do parâmetro VEF1% ao longo dos anos predizem cada vez mais as alterações na mecânica respiratória, observadas na regressão linear com R5% e X5%.