Este artigo objetiva relacionar o documentário de João Moreira Salles, Santiago, com as muitas artes do protagonista Santiago. O filme é rico em teor autobiográfico e, além disso, permite que sejam feitas algumas conexões com a literatura e com certos personagens de Borges e Flaubert, com a performance e com a teoria do documentário. Santiago, travestido de mordomo, por quatro décadas, pôs-se a acumular delÃrios. Enquanto trabalhava na residência dos Moreira Salles, datilografou 30.000 fichas, classificou e catalogou a sua História e “a história dos grandes homensâ€. Suas notas são seus registros de sua passagem pela Literatura e pela História. O filme de João Moreira Salles assegura a posteridade de Santiago, da mesma forma que os relatos de Dante e as criações e invenções de Borges asseguram a existência de seus personagens. Santiago, copista de Flaubert, vive e é reinventado na tela através do depoimento, da memória, da arte e do documentário autoficcional de Salles.