Este artigo tem como objetivo discutir práticas de leitura e processos de formação de leitores a partir de quatro entrevistas semi-estruturadas realizadas com professores universitários brasileiros e portugueses com elevado nÃvel de escolarização. Serviram de base teórica para a discussão dos resultados uma categorização de leituras proposta por Kenneth Goodman. Em termos metodológicos, baseamo-nos em estudos da sociologia da leitura e das práticas culturais, em especial nos trabalhos de Bernard Lahire e Pierre Bourdieu. Os resultados apontam para uma predominância das leituras ocupacionais, em detrimento das leituras recreativas, que são sempre relegadas a um “quando der†e a um “se calharâ€. Discute-se, entretanto, que essas leituras ocupacionais podem proporcionar tanto prazer e satisfação quanto proporcionam algumas leituras recreativas, embora não sejam feitas de modo “descompromissado†ou “desinteressadoâ€. Com relação aos processos de formação de leitores, ressaltam-se as influências familiares e escolares, além do esforço e do mérito na construção de capitais culturais.