O objetivo deste trabalho é discutir a ação das mulheres na produção de alimentos a partir de plantas nativas e a importância da rede que as conectam em Mato Grosso do Sul. Como objetivos específicos, procuramos identificar e analisar: o histórico de projetos nesta temática; as demandas que surgiram nas comunidades extrativistas; as estratégias de criação e fortalecimento da rede que conecta as mulheres e seus saberes; os principais desafios para a construção da rede e a importância das mulheres em relação aos temas abordados. Os dados foram obtidos por meio de análise documental, com consulta a relatórios técnico-científicos (e sites) de projetos de extensão e de pesquisa produzidos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e ONGs. As pesquisas foram desenvolvidas a partir de observação participante e mapeamento participativo em comunidades rurais e urbanas. Todos os projetos (pesquisa ou extensão) que resultaram nos relatórios técnico-científicos foram desenvolvidos com a anuência dos representantes das comunidades. Os resultados mostram uma rede conectando as ações de mulheres da Ciência e de 34 comunidades rurais. Essa rede foi identificada em dez municípios do Estado de Mato Grosso do Sul, principalmente na região conhecida como Corredor do Extrativismo (conexão Cerrado/Pantanal). As mulheres têm trabalhado em projetos pioneiros de extração e comercialização de frutos nativos. Apesar das dificuldades, como a sobreposição ao trabalho doméstico, essas se estruturam e cooperam a partir das demandas locais. Elas se organizam em associações, cooperativas, redes ou projetos para tomar decisões, dar e receber treinamento e enfrentar o desafio de participar de feiras e outros eventos.