O artigo debruça-se sobre o sexismo na divulgação científica a partir da análise de comentários que receberam maior número de curtidas e respostas – dentre os mais de 15 mil identificados até a data da coleta – em um vídeo do canal Nerdologia sobre sexismo. O exame dos comentários indica predominância de repercussão negativa sobre a narrativa conduzida por uma mulher em ambiente originalmente comandado por apresentadores do sexo masculino. O objetivo do artigo é atribuir sentido às reações dos usuários como parte do ciclo comunicacional da plataforma YouTube, considerando as manifestações de curtidas e respostas como aspectos que corroboram com comentários sexistas que deslegitimam a presença feminina e distorcem argumentos de defesa da equidade de gêneros. A análise sinaliza para os modos como mulheres se encontram em posição de vulnerabilidade ao atuarem na divulgação das ciências, considerando-se os preconceitos, os estereótipos e a desqualificação como componentes de processos socioculturais, econômicos e políticos que fragilizam a atuação das mulheres em instituições que se posicionam como detentoras de privilégios – como a Ciência. Os estereótipos desqualificadores são indícios de modos de configuração do fazer e divulgar ciência, marcado por clivagens, desigualdades e hierarquizações nas relações de gênero, indicando também a necessidade de desenvolvimento de uma consciência crítica de como o gênero influencia as ciências e os processos de comunicação científica.
The article focuses on sexism approaches in science communication based on the analysis of comments that received the highest number of likes and answers - among more than 15.000 comments identified - in a YouTube video by Nerdologia about sexism. The study indicates a predominance of negative repercussion on the narrative conducted by a woman in an environment originally occupied by male presenters. The purpose of the article is to reveal textual senses to users’ reactions as part of YouTube’s communication cycle, considering likes and responses as aspects that validate sexist comments that delegitimize the female presence and distort arguments on gender equality. The analysis also points to ways in which women find themselves in a position of vulnerability as science communicators, considering prejudices, stereotypes and disqualification as components of socio-cultural, economic, and political processes that weaken the performance of women in institutions that hold statuses of privilege - such as Science. Disqualifying stereotypes about women indicate how science and science communication have cleavages, inequalities and hierarchies in gender relations, and also indicate the need to develop a critical awareness on how gender stereotypes influence science and science communication.