Este artigo analisou parte da documentação cronÃstica produzida em Portugal entre os anos de 1430 e 1460. Naquele contexto, observou-se em Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara uma organização cronológica para escrita, indo das pessoas mais antigas para as mais recentes, criando um contraste de qualidades que valorizava os últimos. Na crônica que Zurara conta os acontecimentos em Ceuta sob seu primeiro capitão português, o conde Dom Pedro de Meneses, reparou-se na inserção do filho deste na segunda parte do segundo livro. Este trabalho, assim, tentou identificar os possÃveis motivos para tal entrada, uma vez que ela destoa consideravelmente do conjunto da crônica. Valeu-se da noção de genealogia polÃtica, onde a escrita do passado criava uma ligação simbólica e hierárquica com os interessados na construção do relato, recuperando a origem familiar e polÃtica. Desta forma, buscou-se entender os dispositivos de escrita sob contexto de questionamento das prerrogativas nobiliárquicas, sendo a crônica um instrumento de legitimação.
This paper analyzed part of the chronicle documentation produced in Portugal between the years 1430
and 1460. In that context, it was observed in Fernão Lopes and Gomes Eanes de Zurara an organization
to writing such texts, beginning from older to most recent people, creating a contrast of qualities which
valued the last. In chronicle which narrates the events in Ceuta under the first Portuguese captain, Count
Pedro de Meneses, figure out the inclusion of the son of captain in the second part of the second book.
This study therefore attempted to identify possible reasons for such entry, since it defies considerably
with the chronicle. Applied the notion of political genealogy, where the writing of the past created a
symbolic and hierarchical link with those concerned in writing the texts, recovering the family and politic
past. Thus, we sought to understand the writing device in the context of inquiry the prerogatives nobiliary,
being the chronic an instrument of legitimacy.