Prestes a completar duzentos anos como Estado independente, o Brasil se depara atualmente com um horizonte pouco propício a celebrações em torno de um passado em comum e de um futuro a compartilhar. Abalado em suas instituições fundamentais, o país submerge numa crise econômica e sociopolítica marcada pela crescente instrumentalização política do ódio e de diversas formas de discriminação. Nesta nação de horizontes nebulosos, sucessivos ataques têm sido feitos às formulações sobre a identidade nacional que buscam articular um passado e um futuro nacional abertos à diversidade. No lugar de uma construção identitária que se afirma plural, ressurge no horizonte brasileiro o horror das teses históricas exclusivistas e supremacistas sobre o que seria a nacionalidade.
Brazil is about to complete two hundred years as an independent state. Nevertheless, it faces an unlikely horizon in regards to the celebration of a common past and a future to share. The country has its fundamental institutions shaken and plunges into an economic and sociopolitical crisis, which is marked by the growing political instrumentalization of hatred and various forms of discrimination. In this nation of uncertain horizons, successive attacks have been made against national identity formulations that seek to articulate a national past and a future that is opened to diversity. Instead of the construction of an identity that asserts itself as plural, the horror of the exclusivist and supremacist historical theses about nationality reemerges in the Brazilian horizon.