Narrativa e leitura: da experiência às letras

Signo

Endereço:
Av. Independência, 2293
Santa Cruz do Sul / RS
Site: http://online.unisc.br/seer/index.php/signo
Telefone: (51) 3717-7322
ISSN: 19822014
Editor Chefe: NULL
Início Publicação: 31/12/1974
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

Narrativa e leitura: da experiência às letras

Ano: 2014 | Volume: 39 | Número: 66
Autores: Luana Ferraz, Fabiano de Oliveira Moraes
Autor Correspondente: Luana Ferraz, Fabiano de Oliveira Moraes | [email protected]

Palavras-chave: Narrativa, experiência, leitura

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Na sociedade contemporânea, a morte se apresenta como o trágico destino da experiência. A urgência da informação, o imperativo do julgamento, a velocidade e o excesso de atividade tornam a possibilidade de que algo nos aconteça, ou de que algo nos toque, cada vez mais remota. Desse modo, espera-se, desde Benjamin (1979), que a narrativa tradicional, profundamente atrelada à experiência, tenha o mesmo fim. Entretanto, a vida tem seus artifícios e sempre encontra meios de se dizer. Mesmo no cenário atual, diferentes leituras do mundo, ‘histórias vividas’ inscrevem-se (e escrevem-se) no texto escrito do narrador contemporâneo. Assim, as narrativas, dinâmicas, escapando à ordem do necessário e/ou do real sobrevivem para serem lidas e recontadas. A fim de ilustrar a permanência da tradicionalidade na figura do narrador contemporâneo tomamos um trecho do texto de incontestável literariedade “Mitos brasileiros de origem: a arte de contar histórias e a tradição indígena”, de Francisco Gregório Filho. Nesse texto, o autor percorre os tempos de sua história familiar, apresentando os momentos que, atualizados e ressignificados, constroem sua identidade como narrador. Interessa-nos observar como o narrador tradicional contemporâneo recolhe sua história na experiência, tornando-a ‘escrevível’, e como a história pode transformar-se novamente em experiência para os/nos leitores. Nesse percurso, trilhamos as veredas da memória, da identidade e da multiplicidade. Iluminam nosso caminho as palavras de Larrosa (2002), Delgado (2006), Yunes (2003a, 2003b, 2012), Bosi (1987), entre outros.



Resumo Inglês:

In contemporary society, death is presented as the tragic fate of experience. The urgency of information, the imperative of judgment, the speed and excess of activity make the possibility of something happening to us, or of something touching us, increasingly remote. So it is expected, as of Benjamin (1979), that the traditional narrative, deeply tied to experience, have the same end. However, life has its tricks and always finds ways of proclaiming itself. Even in the present day scenario of different world interpretations, ‘stories experienced in life” inscribe themselves (and are written) in the written text of the contemporary narrator. Thus, narratives, dynamic, escaping the order of the necessary and / or real, survive to be read and retold. To illustrate the persistence of traditionalism in the figure of the contemporary narrator, take a snippet of text from the incontestably literary work "Brazilian origin myths: the art of storytelling and indigenous tradition, " by Francisco Gregório Filho. In this text, the author runs through the ages of his familiar history, presenting those moments which, updated and reinterpreted, construct his identity as narrator. We are interested in observing how the traditional contemporary narrator brings his story together out of experience, making it writable, and how the story can be transformed again into experience for and in readers. Along the way, we tread the paths of memory, identity, and multiplicity. The words of Larrosa (2002), Delgado (2006), Yunes (2003a, 2003b, 2012), Bosi (1987), among others, illuminate our path.