Narrativas diplomáticas em ciência, tecnologia e inovação: poder, cooperação e perspectivas do brasil como país em desenvolvimento

Revista Conjuntura Austral

Endereço:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. João Pessoa 52, Sala 33 - 3° Andar
PORTO ALEGRE / RS
90040-000
Site: http://seer.ufrgs.br/ConjunturaAustral
Telefone: (51) 3308-3963
ISSN: 21788839
Editor Chefe: André Luis Reis da Silva
Início Publicação: 31/07/2010
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Ciência política

Narrativas diplomáticas em ciência, tecnologia e inovação: poder, cooperação e perspectivas do brasil como país em desenvolvimento

Ano: 2020 | Volume: 11 | Número: 54
Autores: Iara Costa Leite, Júlia Mascarello, Nicole Aguilar Gayard
Autor Correspondente: Iara Costa Leite, Júlia Mascarello, Nicole Aguilar Gayard | [email protected]

Palavras-chave: Science and innovation diplomacy, Power; International cooperation.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A diplomacia científica se tornou recentemente um chavão em discussões políticas e acadêmicas. Definições e abordagens têm sido informadas pela literatura produzida por indivíduos e organizações que atuam na prática da diplomacia científica situados em países desenvolvidos. Este artigo mapeia e sistematiza narrativas de diplomatas brasileiros sobre ciência, tecnologia e inovação (CT&I) e suas conexões com dinâmicas e temas das relações internacionais, como poder, cooperação, desenvolvimento, segurança e meio-ambiente. Ao abordar as obras produzidas por practitioners como narrativas, e não como categorias científicas que descrevem e analisam fenômenos sociais, o artigo explora como a CT&I é percebida e enquadrada por diplomatas brasileiros. A metodologia incluiu seleção e análise de publicações de ministros das Relações Exteriores, em cujos escritos diplomáticos trechos contendo as palavras “ciência”, “tecnologia”, “inovação” e seus variantes foram buscados; e obras sobre CT&I produzidas por diplomatas de carreira. Escrevendo da perspectiva do Brasil como país em desenvolvimento, a maior parte das obras analisadas sustenta uma visão altamente crítica em relação às dimensões internacionais da CT&I, as quais não são vistas como politicamente neutras. Contudo, nenhum dos diplomatas discorda da necessidade de que o Brasil e outros países em desenvolvimento construam capacidades em CT&I como meio para acumular poder e/ou se desenvolver. A cooperação internacional em diferentes geometrias é vista como crucial para tanto, embora as percepções sobre a efetividade da cooperação Norte-Sul e Sul-Sul em CT&I possam variar.



Resumo Inglês:

Science diplomacy has recently become a buzzword in policy and in academic discussions. Definitions and approaches have been informed by literature produced by practitioners of science diplomacy situated in developed countries. This article maps and systematizes narratives authored by Brazilian diplomats on science, technology and innovation (STI) and their connections with international relations dynamics and issues, such as power, cooperation, development, security and the environment. By addressing pieces produced by practitioners as narratives, rather than as scientific categories that describe and analyze social phenomena, the article explores how STI is perceived and framed by Brazilian diplomats. The methodology included the selection and systematization of publications authored by ministers of Foreign Affairs, in whose diplomatic writings the words “science”, “technology”, “innovation” and their variants were searched; and pieces on STI produced by career diplomats. Writing from the perspective of Brazil as a developing country, most of reviewed pieces hold a highly critical view towards the international dimensions of STI, which are not seen as politically neutral. However, none of the diplomats disagree on the need for Brazil and other developing countries to build STI capacities as a means to accumulate power and/or to develop. International cooperation on different geometries is seen as crucial for that though perceptions on the effectiveness of North-South and South-South STI cooperation can vary.