NARRATIVAS EM PRIMEIRA PESSOA: EXPERIÊNCIAS DOCENTES, GÊNERO E SEXUALIDADES

Ano: 2017 | Volume: 9 | Número: 2

Autores: Paulo Melgaço da Silva Junior, Marcio Caetano

Palavras-chave: heteronormatividade; currículo; escola

Resumo Português:

Neste texto, seguimos o entendimento de que as identidades são marcadas pela cultura, e reconhecemos a possibilidade de reinvenção do sujeito nos jogos interpelativos das regulações sexuais. Contudo, parece-nos que, independentemente de nossas trajetórias, intuímos as formas de ser, de estar ou de transitar nos marcadores político-sexuais ‘mulher’ e ‘homem’, tomando por base – e caminho – os instrumentos que nos educaram. Desse modo, a partir de experiências docentes descritas por meio das contribuições autoetnográficas, neste trabalho buscaremos questionar as práticas pedagógicas de gêneros e de sexualidades, com vista a interrogá-las sobre os discursos que tanto produziram modos de subjetivação quanto nos ensinaram formas heteronormativas complementares e assimétricas de projeção das performatividades sexuais. Como resultado, enfatizamos a importância de problematizar a produção discursiva e social das categorias de gêneros, chamando a atenção para as configurações identitárias elaboradas em diálogo com os instrumentos educativos que nos ensinam formas de ser homem e mulher. Neste processo, percebemos que a “masculinidade” e “feminilidade” têm sido ampliadas e o corpo anatômico é apenas um suporte de invenções estimuladas pela sexualidade. Os novos arranjos proporcionados pelas sexualidades e pelos gêneros improvisam outros arranjos identitários interagindo com os movimentos curriculares e produzindo tensões cotidianas na escola.

Resumo Inglês:

The present text is based on the idea that the so-called identities are marked by culture, and on the acknowledgement that it is possible to reinvent the notion of ‘subject’ in the interpellation games for sexual regulations. However, despite our trajectories we sense the forms of being or of rambling through the notions of ‘woman’ and ‘man’ as political and sexual markers. Such sense derives from the instruments that have based and paved the way towards our education and therefore have molded us. Thus, it is our goal to question the pedagogical practices around gender and sexualities. In order to do so, we generated data from teachers’ experiences that were, in their turn, described and analyzed on the autoethnographic perspective and its contributions. The intention was to question such experiences about the discourses that have both produced forms of subjectivity, and taught us asymmetric and complementary heteronormative forms of sexual performativity projections. The results emphasizes the importance in questioning the social and discursive production of the gender categories focusing on the identity configurations elaborated in a dialog with the educative instruments which teach us ways of being a man or a woman. We understand that “masculinity” and “femininity” have grown wider and the anatomic body is just a support of inventions that have been stimulated by the sexuality. The new arrangements produced by the sexualities and by the genders improvise other identity arrangements interacting with the educational program transformations and producing usual tensions at the school.