A "Nossa História pode ser contada" – Um relato sobre alfabetização em círculos de cultura em Nazaré (RO)

Revista Olhares

Endereço:
Estrada do Caminho Velho, 333 - Jd Nova Cidade
Guarulhos / SP
07252-312
Site: http://www.olhares.unifesp.br/index.php/olhares
Telefone: (11) 5576-4848
ISSN: 23177853
Editor Chefe: Edna Martins
Início Publicação: 30/04/2013
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Educação, Área de Estudo: Multidisciplinar

A "Nossa História pode ser contada" – Um relato sobre alfabetização em círculos de cultura em Nazaré (RO)

Ano: 2021 | Volume: 9 | Número: 3
Autores: H.C. Theodoro, M.C. Barbado, S.R. Noronha, V.O. Vasconcelos
Autor Correspondente: H.C. Theodoro | [email protected]

Palavras-chave: educação popular, diálogo, participação

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A desigualdade social é uma das mais fortes marcas do Brasil, mantendo grupos segregados e hierarquizados, seja por razões econômicas, étnicas, raciais, de gênero, de sexualidade e até por seus níveis de escolarização. O analfabetismo persiste em nosso país e coincide quase exatamente com a geografia da pobreza. Frente a este contexto, o presente artigo traz o relato de uma vivência com mulheres ribeirinhas cuja história, segundo uma delas: “pode ser contada”. A experiência foi realizada na comunidade de Nazaré, localizada no baixo Rio Madeira/RO, na Amazônia brasileira e ocorreu no âmbito das ações do Núcleo de Apoio às Populações Ribeirinhas da Amazônia - NAPRA. Este artigo apresenta o relato de um trabalho cujo objetivo foi o de desenvolver encontros pedagógicos com vistas à alfabetização de algumas mulheres adultas. A metodologia foi pautada nos círculos de cultura segundo o referencial freiriano. Como resultados são apontados quatro aprendizados principais: 1) a importância de estar, de forma genuína, no território onde os encontros acontecem; 2) a necessidade de articulação regional-local e da permanência para o êxito das atividades; 3) a importância do processo como gerador de potencialidades coletivas e individuais; 4) o entendimento de que, mesmo a experiência sendo pontual, pode gerar mobilização, possibilidade concreta de transformação e partilhas amorosas. Importante ressaltar que, a Amazônia tem sido foco de graves ameaças sociais e ambientais, sendo reduzida a histórias de conflito e violência. Porém, há muitas narrativas a serem compartilhadas e sempre é possível ter esperança quando conseguimos contar outra história,



Resumo Inglês:

Social inequality is a strong mark of Brazil. The maintenance of segregation and hierarchal groups is extended through economic, ethnic, racial, gender, sexual, and even educational lines. Illiteracy persists and coincides almost exactly with the geography of poverty. Faced with this context, this article presents a report drawing on engagement and dialogue with riverside women through which according to one of them: their story "can be told”. The experience was carried out in the community of Nazaré, located on the lower Rio Madeira/RO, in the Brazilian Amazon and took place within the scope of the actions of the Support Group for Riverside Populations in the Amazon (NAPRA). The objective was to develop pedagogical meetings with the intent to onset the literacy of adult riverside women. The methodology was based on culture circles according to the Freirian framework. As a result, four main lessons are pointed out: 1) the importance of being genuinely rooted in the territory where the meetings take place; 2) the need for regional-local articulation for the success of activities; 3) the importance of the process as a generator of collective and individual potential; 4) the understanding that, even if the experience is punctual, it can generate transformation and lovingly sharing. It is important to note that the Amazon has been the focus of serious socioenvironmental threats, being reduced to stories of violence. However, there are a lot of nar ratives to be shared and it is always possible to hope when we are able to tell another story.



Resumo Espanhol:

a desigualdad social es una marca fuerte de Brasil. El mantenimiento de la segregación se extiende a través de líneas económicas, étnicas, raciales, de género, sexuales e incluso educativas. El analfabetismo persiste y coincide casi exactamente con la geografía de la pobreza. Frente este contexto, este artículo presenta un relato basado en un compromiso y un diálogo con las mujeres ribereñas a través del cual, según una de ellas, su historia "se puede contar." La experiencia se llevó a cabo en la comunidad de Nazaré, ubicada en el bajo Río Madeira / RO, en la Amazonía brasileña, como parte de las acciones del Centro de Apoyo a Poblaciones de Ribera de la Amazonía (NAPRA). El objetivo del trabajo fue desarrollar encuentros pedagógicos con la intención de iniciar la alfabetización de las mujeres ribereñas. La metodología se basó en círculos culturales según el marco freiriano. Como resultado, se señalan cuatro lecciónes principales: 1) la importancia de estar arraigado en el territorio donde se desarrollan los encuentros; 2) la necesidad de la articulación regional-local para el éxito de las actividades; 3) la importancia del proceso como generador de potencial colectivo e individual; 4) la comprensión de que, aunque la experiencia sea puntual, puede generar transformación y el compartir amoroso. Es importante destacar que la Amazonía ha sido el foco de graves amenazas socioambientales, reduciéndose a historias de violencia. Sin embargo, hay muchas historias que compartir y siempre es posible tener esperanza cuando somos capaces de contar otro cuento.