O texto concentrar-se-á na tradição pulp que, tendo o seu período áureo na América do pré-Segunda Guerra Mundial, desagregou-se, já no pós-Guerra, a ponto de autonomizar os géneros fantástico, “western” e policial negro; e na forma como, no Portugal da década de 1960, com todas as suas idiossincrasias políticas, sociais e culturais, Roussado Pinto e Dinis Machado moldaram os clichés genéricos para construírem enredos, e protagonistas, ao mesmo tempo falíveis e maquinais, paroquiais e universais, fotográficos e fílmicos, tornando as suas narrativas simultaneamente em cópias do modelo e em reflexos reconhecíveis da vida quotidiana, em toda a sua inefável e desoladora sordidez.
This text will focus on the pulp tradition which, having reached its peak of popularity in the pre-WWII period, dispersed after the war into fantastic literature, western, crime fiction and noir; and the ways that Roussado Pinto and Dinis Machado, in 1960’s Portugal – with all its political, social and cultural idiosyncrasy – shaped the genre clichés to construe plots, and protagonists, who were, all together, erring and machine-like, local and universal, photographic and cinematic; thus rendering their novels simultaneously into copies of the model and familiar reflections of everyday life, in all its ineffable and desolate squalor.