NOTAS ACERCA DO DISCURSO MÉDICO BRASILEIRO SOBRE A MACONHA NO PRIMEIRO QUARTEL DO SÉCULO XX

Cadernos de Ciências Sociais da UFRPE

Endereço:
Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos
Recife / PE
52171-900
Site: http://www.journals.ufrpe.br
Telefone: (81) 8812-5501
ISSN: 2316977X
Editor Chefe: Professor Dr. Tarcísio Augusto Alves da Silva
Início Publicação: 30/06/2012
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Sociologia

NOTAS ACERCA DO DISCURSO MÉDICO BRASILEIRO SOBRE A MACONHA NO PRIMEIRO QUARTEL DO SÉCULO XX

Ano: 2012 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: I. F. barbosa
Autor Correspondente: I. F. barbosa | [email protected]

Palavras-chave: discurso médico, maconha, criminalidade

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O escopo desta sondagem foi apontar o momento inicial e o processo de
construção de um discurso, médico nas primeiras décadas do século XX, que
desqualificou e encetou a criminalização do uso da maconha. Identificamos que
a origem das representações depreciativas que ainda hoje pairam no imaginário
da sociedade brasileira tem início nesse momento. A emergência deste discurso
se dá em função da mudança de episteme que deslocou o entendimento do
atraso brasileiro do viés biológico racial para o viés cultural. Nesse sentido, a
fala médica representa um processo de estigmatização dos setores populares,
corroborando a continuidade do processo político de controle que já não culpava
mais a raça como óbice ao desenvolvimento da sociedade brasileira e sim seus
hábitos culturais. Nessa marcha civilizatória, a maconha foi entendida como
uma prática, legada pela cultura negra, que ocasionava a perda da personalidade
moral, profunda estupidez, indolência e criminalidade.



Resumo Inglês:

The scope of this survey was the initial time point and the process of building
a medical discourse in the early decades of the twentieth century, which
disqualified and started the criminalization of marijuana use. We identify the
origin of the derogatory representations that still loom in the imagination of
Brazilian society, begins now. The emergence of this discourse is a function
of the change in episteme that shifted the understanding of the delay of the
Brazilian racial bias biological to cultural bias. In this sense, medical speech
represents a process of stigmatization of popular sectors, supporting the
continuation of the political process control no longer blamed more race as an
obstacle to the development of Brazilian society, but their cultural habits. In
this march of civilization, marijuana was seen as a practical legacy for black
culture, which led to the loss of moral personality, profound stupidity, indolence
and crime.