O ensaio trata de uma estranha relação: a da universidade com a democracia. Nele, defendemos a tese de que a universidade sempre teve e sempre terá dificuldades em estender os atributos da democracia ao conjunto de seus segmentos, e permanecerá como uma corporação de professores, inclusive, estabelecendo no interior deste específico segmento, padrões hierárquicos e meritocráticos que se aproxima claramente dos estamentos aristocráticos. Mostra a função “restauradora” da meritocracia e de como os alunos, vistos como segmento “provisório” e incapaz de assumir responsabilidades acadêmicas e administrativas, serão mantidos sempre à margem dos processos decisórios. Esta resistência tem uma razão: a confusão entre saber e conhecimento, entre instituição e organização, entre saber e poder, entre fins e meios de uma instituição e, no fundo, ela teme que uma eventual “politização” de suas decisões colonize o território científico que ela, supostamente, pretende defender e preservar.