O espaço geográfico, muito mais do que receptáculo, é reflexo e condição da produção e da reprodução social, este ensaio busca identificar, dimensionar e analisar possíveis mudanças nos padrões de mobilidade espacial da população na Região Metropolitana do Rio Janeiro, como efeito do processo de recuperação econômica de sua periferia ao longo da última década. Considera-se, aqui, que os novos empreendimentos imobiliários lançados nos municípios da Baixada Fluminense, sobretudo em Nova Iguaçu, Duque de Caxias e São Gonçalo, em função de seu volume e de seu perfil voltado principalmente às populações de classe média, têm papel fundamental no entendimento destes rearranjos da mobilidade, seja sobre a migração ou sobre os deslocamentos intrametropolitanos. Os investimentos imobiliários, ao mudar o padrão de uso e o valor do solo, deslanchariam um processo de invasão-sucessão, empurrando os mais pobres para municípios menos dinâmicos da própria periferia, não necessariamente rompendo com seus vínculos empregatícios no município de origem. Assim, os deslocamentos pendulares originados na periferia e destinados a outro município na periferia tenderiam a se intensificar. Além disso, a ampliação da oferta de empregos durante as obras (construção civil) e depois das obras (setores de manutenção, limpeza, segurança e serviços domésticos), ratificaria o fortalecimento de novos núcleos de destino para os deslocamentos pendulares na periferia metropolitana.
The space is the result and the condition of production and reproduction of society, this essay seeks to identify, measure and analyze possible changes in patterns of spatial mobility of population in the metropolitan region of Rio Janeiro, as an effect of economic recovery process of its periphery over the past decade. It is considered here that the new real estate projects launched in the municipalities of the Baixada Fluminense, particularly in Nova Iguaçu, Duque de Caxias and São Gonçalo, because of their size and because they targeted mainly at middle-class populations, are key in understanding these rearrangements of mobility, either on migration or on the intrametropolitan displacements. The real estate investments, by changing the pattern of use and value of land, start a process of invasion-succession, pushing the poorest population for the least dynamic municipalities of periphery, not necessarily breaking their employment contracts in the previous municipality. Thus, commuting originated in the periphery and destined for another city also in the periphery tend to intensify. Furthermore, the increase of jobs during and after construction (sectors of maintenance, cleaning, security and housekeeping, for example), ratify the strengthening of new nuclei destination for commuting in the metropolitan periphery.