Novos velhos antagonismos: a violência política contra as mulheres e o resgate do agonismo em Chantal Mouffe

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ISSN: 25258036
Editor Chefe: Lucas Antônio Nogueira Rodrigues
Início Publicação: 31/05/2016
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História, Área de Estudo: Direito, Área de Estudo: Serviço social, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Novos velhos antagonismos: a violência política contra as mulheres e o resgate do agonismo em Chantal Mouffe

Ano: 2024 | Volume: 9 | Número: 1
Autores: Beatriz Siqueira Coutinho Suassuna
Autor Correspondente: Beatriz Siqueira Coutinho Suassuna | [email protected]

Palavras-chave: Violência política contra as mulheres, Chantal Mouffe, Pluralismo, Democracia agonística

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

É possível pensar o incremento da violência política contra as mulheres como sintoma dos limites apresentados pelo consenso racional, conforme apontado pelos críticos das teorias democráticas deliberativas? Partindo deste problema de pesquisa, utilizaremos como marco teórico deste artigo uma das principais dessas críticas: a teoria do pluralismo agonístico, desenvolvida pela filósofa Chantal Mouffe e pautada na necessidade do resgate do elemento do conflito e das paixões na esfera pública. Com isso, objetivamos refletir sobre suas contribuições para a análise da onda crescente de violência política direcionada às mulheres no contexto brasileiro, em específico, e do reaparecimento dos antagonismos em um cenário político global marcado pela desdemocratização e pela mobilização dos afetos por movimentos da extrema direita. Em um primeiro momento, trataremos do elo visualizado entre o esgarçamento do modelo liberal-democrático e as manifestações de violência política contra às mulheres, sobretudo no Brasil. Em seguida, apresentaremos as bases da contraproposta teórica de radicalização da democracia apresentada por Mouffe. Por fim, discorreremos sobre o potencial das bases desse agonismo, sobretudo a partir da sua legitimação do adversário como um pressuposto democrático, em colaborar com os esforços para conter os antagonismos extremos que volta e meia imperam na política, assim como indicar uma direção para a imaginação de novas alternativas e para a renovação do sistema democrático através de sua radicalização.



Resumo Inglês:

Is it possible to think of the increase in gender-based political violence as a symptom of the limits presented by rational consensus, as pointed out by critics of deliberative democratic theories? Based on this research problem, we will use one of the main criticisms as a theoretical framework for this article: the theory of agonistic pluralism, developed by the philosopher Chantal Mouffe and based on the need to rescue the element of conflict and passions in the public sphere. With this, we aim to reflect on their contributions to the analysis of the growing wave of political violence directed at women in the Brazilian context, in particular, and the reappearance of antagonisms in a global political scenario marked by dedemocratization and the mobilization of affections by far-right movements. First, we will discuss the link between the fraying of the liberal-democratic model and the manifestations of political violence against women, especially in Brazil. Next, we will present the bases of the theoretical counter-proposal of radicalization of democracy presented by Mouffe. Finally, we will discuss the potential of the bases of this agonism, especially from its legitimation of the adversary as a democratic presupposition, to collaborate with the efforts to contain the extreme antagonisms that prevail from time to time in politics, as well as to indicate a direction for the imagination of new alternatives and for the renewal of the democratic system through its radicalization.



Resumo Espanhol:

¿Es posible pensar el incremento de la violencia política de género como síntoma de los límites presentados por el consenso racional, conforme señalado por los críticos de las teorías democráticas deliberativas? Partiendo de este problema de investigación, utilizaremos como marco teórico para este artículo una de las principales críticas: la teoría del pluralismo agonístico, desarrollada por la filósofa Chantal Mouffe y pautada en la necesidad del rescate del elemento del conflicto y de las pasiones en la esfera pública. Con esto, nuestro objetivo fue reflexionar sobre sus contribuciones al análisis de la creciente ola de violencia política dirigida a las mujeres en el contexto brasileño, en específico, y del resurgimiento de los antagonismos en un escenario político global marcado por la desdemocratización y la movilización de los afectos por movimientos de la extrema derecha. En un primer momento, trataremos sobre el vínculo visualizado entre el agotamiento del modelo liberal-democrático y las manifestaciones de violencia política contra las mujeres, sobre todo en Brasil. A continuación, presentaremos las bases de la contrapropuesta teórica de radicalización de la democracia presentada por Mouffe. Por último, discorrerreremos sobre el potencial de las bases de ese agonismo, sobre todo a partir de su legitimación del adversario como un presupuesto democrático, en colaborar con los esfuerzos para contener los antagonismos extremos que una y otra vez imperan en la política, así como indicar una dirección para la imaginación de nuevas alternativas y para la renovación del sistema democrático a través de su radicalización.