Neste ensaio, analiso como a teoria do contrato racial, desenvolvida pelo filósofo Charles Mills, pode ser fundamento para a Teoria do Estado. Isso porque o contrato social moderno euro-ocidental, na verdade, foi um contrato racial. A pesquisa é teórica e baseada em livros e artigos, usando aportes da teoria do contrato racial, da filosofia africana e afrodiaspórica, além de teorias políticas, filosóficas e do Estado. Argumento que as teorias políticas e jurídicas, comprometidas com a perspectiva colonial de poder e conhecimento, estruturou um conceito de Estado que excluiu os sujeitos racializados e desumanizados. Essas teorias também silenciaram esse fato como estratégia de dominação. Além disso, para que seja possível a descolonização epistêmica no campopolítico e jurídico, é necessário desconstruir os mitos eurocêntricos e a visão excludente do que é ser humano, que estão na base das elaborações teóricas sobre o que é o Estado. O trabalho conclui que, a partir de uma perspectiva de intersubjetivação, segundo a qual adotei como chave interpretativa para se pensar uma nova concepção de Estado, a filosofia africana e afrodiaspórica Ubuntu, e a noção de um Estado ético, ou seja, um Estado comprometido com a justiça e os direitos fundamentais.
In this essay, I analyze how the racial contract theory developed by philosopher Charles Mills can be a foundation for State Theory, considering that the modern Euro-Western social contract was in fact a racial contract. The research, of a theoretical and bibliographical nature, is based on contributions from the racial contract, African and Afro-diasporic philosophy, and political, philosophical, and State theories. I argue that political and legal theories committed to the colonial perspective of power and knowledge structured a concept of State that excluded racialized and dehumanized subjects and promoted the silencing of this fact as a strategy of domination. Furthermore, in order for epistemic decolonization to be possible in the political and legal fields, it is necessary to deconstruct Eurocentric myths and the exclusionary conception of human being, which are the basis of theoretical elaborations on what the State is. The work concludes from an intersubjective perspective, according to which I adopted as an interpretative key to think about a new conception of State, the African and Afro-diasporic philosophy of ubuntu and the notion of an ethical State, as a State committed to the realization of justice and fundamental rights.
En este ensayo, analizo cómo la teoría del contrato racial, desarrollada por el filósofo Charles Mills, puede servir de fundamento a la Teoría del Estado, considerando que el contrato social eurooccidental moderno era, de hecho, un contrato racial. La investigación, de carácter teórico y bibliográfico, se basa en contribuciones de la teoría del contrato racial, la filosofía africana y afrodiaspórica, y las teorías políticas, filosóficas y del Estado. Argumento que las teorías políticas y jurídicas comprometidas con la perspectiva colonial del poder y el conocimiento estructuraron un concepto de Estado que excluyó a los sujetos racializados y deshumanizados y promovió el silenciamiento de este hecho como estrategia de dominación. Además, para posibilitar la descolonización epistémica en los ámbitos político y jurídico, es necesario deconstruir los mitos eurocéntricos y la concepción excluyente del ser humano, que fundamentan las elaboraciones teóricas sobre lo que es el Estado. El trabajo concluye desde una perspectiva intersubjetiva, según la cual adopté como clave interpretativa para pensar una nueva concepción del Estado la filosofía africana y afrodiaspórica de Ubuntu y la noción de un Estado ético, como un Estado comprometido con la realización de la justicia y los derechos fundamentales.