O presente artigo analisa alguns elementos da cosmovisão andina que deram
origem ao Novo Constitucionalismo Latinoamericano, notadamente o direito à água.
Nessa nova cultura orientada para o Bem Viver, o direito humano aos bens
imprescindÃveis à manutenção da vida é visto como patrimônio comum projetandose,
portanto, este direito a todos os seres vivos bem como para as gerações futuras.
Trata-se de uma mudança paradigmática instrumentalizada no marco de algumas
constituições, especialmente as da BolÃvia e do Equador, tendo como pressuposto a
compreensão da comunidade em harmonia, respeito e equilÃbrio com a vida,
celebrando a Pachamama da qual todos os seres vivos fazem parte. Nessa
perspectiva, a partir da Ética Biocêntrica, vinculam o direito à água ao direito Ã
natureza, tendo sua gestão orientada para o Bem Viver. Dessa forma, as mudanças
polÃticas e os novos processos sociais de luta nos Estados latino-americanos
engendraram não só novas constituições que materializaram novos atores sociais,
realidades plurais e práticas biocêntricas desafiadoras, mas, igualmente, apontam,
diante da diversidade de culturas minoritárias, da força inconteste dos povos
indÃgenas do Continente, de polÃticas de desenvolvimento sustentável e da proteção
de recursos comuns naturais, um novo paradigma de constitucionalismo,ou seja,um Constitucionalismo Pluralista — sÃntese de um Constitucionalismo indÃgena,
autóctone e mestiço.
The article analyses some elements of the Andean cosmovision that originated the
New Latin-American Constitutionalism, and specially, the right to the water. In this
new culture, oriented to the Buen Vivir (well living), the human right to the goods
indispensable to the life is seen as a common inheritance, hence projecting itself to
all living creatures, as well as to the future generations. This understanding
represents a paradigmatic change already present in some Constitutions, as from
Bolivia and Equator, assuming the understanding of the community in harmony,
respect and equilibrium with life, celebrating the Pachamama (Mother Earth) from
which all the living creatures are a part. In this perspective, having the Biocentric
Ethics as a fundament, they bound the right to water to the right to the nature,
orienting its management to the Buen Vivir. In this context, the political changes and
the new social processes of fighting in the Latina-American States gave birth not only
to new Constitutions, resulting in new social actors, plural realities and challenging
biocentric practices, but, equally, considering the diversity of the cultures from the
minorities, the uncontested strength from the indigenous peoples from the continent,
the sustainable development policies and the protection of the natural common
resources, point to a new constitutionalist paradigm, a Pluralistic Constitutionalism –
synthesis of an indigenous, autochthonous, hybrid Constitutionalism.
El presente artÃculo analiza algunos elementos de la cosmovisión andina que dieron
origen al Nuevo Constitucionalismo Latinoamericano, especÃficamente el derecho al
agua. En esta nueva cultura orientada para el Buen Vivir, el derecho humano a los
bienes imprescindibles para el mantenimiento de la vida es visto como patrimonio
común proyectándose, por tanto, este derecho a todos los seres vivos y a las futuras
generaciones. Se trata de un cambio paradigmático instrumentalizado en el marco
de algunas constituciones, especialmente las de Bolivia y Ecuador, teniendo como
presupuesto la comprensión de la comunidad en armonÃa, respeto y equilibrio con la
vida, celebrando a la Pachamama de la cual todos los seres vivos forman parte. En
esta perspectiva, a partir de la Ética Biocéntrica, vinculan el derecho al agua al
derecho a la naturaleza, teniendo su gestión orientada hacia el Buen Vivir. De esta
forma, los cambios polÃticos y los nuevos procesos sociales de lucha en los Estados
latinoamericanos no solamente engendraron constituciones que materializaron
nuevos actores sociales, realidades plurales y prácticas biocéntricas desafiadoras,
sino que también apuntan – frente a la diversidad de culturas minoritarias, a la fuerza
incontestable de los pueblos indÃgenas del Continente, a polÃticas de desarrollo
sostenible y a la protección de los recursos comunes naturales – a un nuevo
paradigma de constitucionalismo, o sea, un Constitucionalismo Pluralista – sÃntesis
de un Constitucionalismo indÃgena, autóctono y mestizo.